A Mãe de Deus e Nossa

Acabamos de celebrar no dia primeiro de janeiro o Dia Mundial da Paz. O Dia Mundial da Paz, inicialmente chamado simplesmente de Dia da Paz foi criado pelo Papa Paulo VI, com uma mensagem datada do dia 8 de dezembro de 1967, para que o fosse celebrado  no primeiro dia do ano civil (1 de janeiro), a partir de 1968, coisa que acontece até hoje.

O Dia Mundial da Paz coincide com a Solenidade Litúrgica da Maternidade Divina de Maria. Esta solenidade foi instituida por Pio XI em 1931 na comemoração dos 1500 anos do Concílio de Éfeso, quando Maria foi proclamada Teotokos, ou seja, Mãe de Deus. Pedindo sua intercessão para que a paz aconteça entre nós, ofereço ao leitor uma breve reflexão sobre Maria, mãe de Deus e nossa Mãe. A Mãe de Deus, Maria, é também nossa mãe. Deu-nos o Filho de Deus como Salvador. Esteve com Ele ao pé da Cruz e participou assim até o extremo da obra redentora. Quando o coração de Cristo foi trespassado pelo soldado, foi o seu coração de mãe que se rasgou em lancinante dor, pois Cristo já havia expirado.

Nascemos, como Igreja, do coração aberto de Cristo. A dor e o oferecimento, entretanto, foram de Maria. Desde aquele dia o discípulo a teve em sua casa, onforme nos informa o evangelista são João: “a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa”(Jo 19, 27). É claro que o discípulo, assim o entendem os bons exegetas, concentra em si todos os seguidores de Jesus. Rainha da Paz, Maria, mãe de Deus e nossa, é fonte inesgotável de paz para a Igreja, a comunidade dos discípulos de Jesus. Somos, pois, felizes de termos Maria presente através de símbolos e imagens em nossos templos e em nossas casas e nos julgamos agraciados por Deus de poder repetir sempre de novo as palavras do Anjo: “Ave cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28) acrescentando aquelas que o Espírito Santo colocou no coração e nos lábios de Isabel : “bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre”(Lc 1,42).

Alegramo-nos muitítissimo em repetir sempre: “ó Bemaventurada Virgem Maria”, cumprindo a profecia que ela mesma fez a respeito da honra a lhe ser dada até o fim do mundo: “de agora em diante todas as gerações me proclamarão bem-aventurada”( Lc 1,48). E desde muito cedo a Igreja recorreu à intercessão de Maria, invocando-a como mãe de Deus: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós…” Foi no ano de 431, no Concílio de Éfeso que os bispos, reunidos, a proclamaram, contra as ideias de Nestório, “Mãe de Deus”, em grego “Teotokos”. A paz , que vem do alto, veio através de Maria, pela força do Espírito Santo. No hino que Maria cantou no encontro com Isabel ela enaltece seu Deus que age com a força de seu braço para elevar os humildes e saciar os famintos(cf. Lc 1,51-53). A paz não acontece sem a justiça e a justiça só se concretiza através de corações convertidos para o amor. Quem não ama não pratica a justiça.

No ano que começa quero desejar a todos os leitores, que me acompanham através de meus artigos, um Ano Novo cheio de Paz. Em especial  que a Igreja de Sorocaba continue seu caminho, fiel às suas origens, sob a proteçào e a inspiração de Maria, Nossa Senhora da Ponte, Mãe de Deus e nossa. Passo ao leitor a oração que  fiz na Missa da passagem do ano na Catedral de Nossa Senhora da Ponte:

“Senhora da Ponte, Mãe de Deus e nossa, Sorocaba te pertence; nasceu em teus braços e cresceu à sombra de tua proteção. Hoje, primeiro de janeiro de 2009, nós te entregamos nosso destino. Ilumina nossos caminhos. Ensina a Igreja que somos a fazer sempre a santa vontade de Deus. Seja a cátedra deste templo a tua cátedra. Que, à semelhança dos bispos que vieram antes de mim, seja eu fiel sucessor dos apóstolos no ensino e no pastoreio do rebanho de teu Filho. Que a luz do Verbo, a quem destes a carne humana e entregaste à humanidade como salvação, continue, a partir de teu coração de mãe, a iluminar os caminhos desta cidade e desta Igreja! Que a luz de teu olhar ilumine de alegria o rosto de teus filhos como iluminou os pobres pastores que vieram correndo adorar o menino pobre enrolado em panos e deitado na manjedoura!

Que a Igreja de Sorocaba, sob tua proteção e inspirada em teu exemplo, seja uma Igreja verdadeiramente discípula e missionária, uma Igreja unida, testemunha do amor do teu Deus e Senhor, e zelosa em ir até os que se perdem nos descaminhos desse mundo! Deste templo e desta comunidade espalhe-se sobre todas as paróquias e comunidades de nossa Igreja Particular o espírito de renovação eclesial, que, em Aparecida, os bispos do CELAM, sob tua orientação desejaram que transformassem o coração das pessoas e as estruturas organizacionais da Igreja.

Por fim te pedimos: abençoa nossos sacerdotes, especiais filhos de teu amor. Dá-lhes a graça da caridade perfeita, do amor sincero e da comunhão verdadeira para que sejam sinal eficaz do amor de Deus para teu povo.

Abençoa as famílias aqui presentes e acompanha seus passos no ano que começa. Seja para todas, este ano, um ano de graça e de paz! Tendo no coração esses santos desejos rezamos com as mesmas palavras com que, já no séc. III, os cristãos costumavam invocar tua proteção: “Sob tua proteção nós nos colocamos ó Santa Mãe de Deus; em nossas necessidades não desprezes nossas súplicas, mas livra-nos sempre de todos os perigos, ó virgem gloriosa e bendita. Amém”.

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues

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