A missão rejuvenesce a fé

Dom Adelar Baruffi
Bispo Diocesano de Cruz Alta (RS)

A missão é a maneira privilegiada de rejuvenescer a fé. Isto porque cada vez que o evangelho é testemunhado e anunciado cumprimos o mandato que Jesus deixou aos apóstolos, que permanece sempre atual, de ir pelo mundo inteiro e anunciar o evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16,15). O mandato missionário é sempre atual. Hoje recebemos de Cristo Ressuscitado, sob o dinamismo do Espírito Santo, a missão de fazê-lo conhecido, amado e formar discípulos dele. Em segundo lugar, a missão é rejuvenescedora porque o seu anúncio faz parte do dinamismo do fortalecimento da fé. Cada vez que um pai, uma mãe, uma catequista, um religioso ou um padre anuncia a Palavra, primeiro a acolhe para si, medita-a, confronta a sua vida com a mesma e, então, anuncia. Neste sentido, o anúncio não é em primeiro lugar a proclamação de doutrinas, mas a narração das maravilhas de Deus nas nossas vidas. A liturgia é o espaço privilegiado para fazer esta memória das ações de Deus. Cada vez que esta memória acontece é como se cada fiel estivesse presente hoje nos fatos narrados e atualizados.

Com propriedade e singeleza o Papa Francisco afirmou: “O teu coração sabe que a vida não é a mesma coisa sem Ele; pois bem, aquilo que descobriste, o que te ajuda a viver e te dá esperança, isso é o que deves comunicar aos outros” (EG 121). É uma partilha não somente do que é verdadeiro e bom, mas mostrar que crer em Cristo “também é belo, capaz de cumular a vida de um novo esplendor e de uma alegria profunda, mesmo em meio às provações” (EG 167). Por isso, quando a fé é anunciada permanece sempre jovem, mas quando não é anunciada tende a envelhecer e perde seu brilho e luz que o Espírito Santo dá aos evangelizadores. Podemos ter tudo bem organizado em nossas comunidades, mas se faltar a missão, será uma comunidade envelhecida, que se volta sobre si mesma. É preciso sair para renovar, iluminar.

O Santo Padre, como todos os anos, por ocasião do Dia Mundial das Missões, no dia 21 de outubro, escreveu uma mensagem exatamente nesta perspectiva, no contexto do Sínodo dos Jovens, com o título: “Juntamente com os jovens, levemos o Evangelho a todos”. Ele cita um pensamento de São João Paulo II: “A missão revigora a fé” (RM 2). Na Mensagem faz um convite aos jovens para que se integrem nesta única missão que a todos nos une, pois “a missão da Igreja constrói pontes intergeracionais, nas quais a fé em Deus e o amor ao próximo constituem fatores de profunda união”.

Francisco recorda quatro pontos importantes: a vida é uma missão e “sou uma missão na terra” (EG 273); o centro do anúncio é Jesus Cristo, “tesouro que enche a vida de alegria”; o convite a transmitir a fé que se “verifica através do contágio do amor”; as várias formas de testemunhar o amor existentes na Igreja. Diz o Papa: “A periferia mais deslocada da humanidade carente de Cristo é a indiferença à fé ou mesmo o ódio contra a plenitude divina da vida. Toda pobreza material e espiritual, toda discriminação de irmãos e irmãs é sempre consequência da recusa de Deus e do seu amor”.

Desejamos que o mês missionário confirme nosso desejo de sermos comunidades “em estado permanente de missão”, “enviados para testemunhar o evangelho da paz”. Nenhuma comunidade, pastoral ou movimento sem missão. Com a missão, a fé e a Igreja será sempre jovem.

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