O tema vocacional, no Documento de Aparecida, merece especial atenção pela importância que aí ocupa e pela urgência do trabalho vocacional neste tempo de renovado impulso missionário da Igreja na América Latina e Caribe. Aparecida nos ajuda muito a entender a identidade e a missão dos presbíteros na Igreja, com conseqüências importantes para a pastoral vocacional, a formação nos seminários e a própria formação permanente dos presbíteros.
As vocações sacerdotais são consideradas no contexto de uma Igreja missionária, onde todos são chamados ao discipulado e à missão, cada um segundo a sua própria vocação. Todos são chamados a serem discípulos missionários de Jesus Cristo, mas nem todos do mesmo modo. Por isso, o Documento de Aparecida contempla a rica diversidade das vocações ao falar de “discípulos missionários com vocações específicas” (cf. 5.3). Referindo-se aos padres, define a sua vocação como sendo “discípulos missionários de Jesus Bom Pastor” (cf. 5.3.2), apresentando a missão própria dos párocos como “animadores de uma comunidade de discípulos missionários”, na caridade pastoral (cf. 201-204). O espírito missionário, próprio do Bom Pastor, é enfatizado, devendo animar os vocacionados ao sacerdócio, que devem acolher com generoso empenho a “conversão pastoral e a renovação missionária” propostas (cf. 365 / 370).
Por isso, os números de Aparecida que se referem aos seminários e casas de formação (cf. 314-327) estão justamente no capítulo VI, intitulado “o caminho de formação dos discípulos missionários” (cf. 240-346), sendo precedidos pelo tema iluminador sobre “o processo de formação dos discípulos missionários” (cf. 276-285). À luz do que aí se apresenta, fica muito claro que a finalidade da formação nos Seminários é, acima de tudo, a de formar presbíteros que sejam verdadeiros discípulos missionários segundo o coração do Bom Pastor. Os vocacionados para o sacerdócio devem ser, em primeiro lugar, vocacionados para seguir a Cristo, como discípulos permanentes do Bom Pastor.
Em diversos momentos, Aparecida afirma com ênfase a necessidade de se viver o discipulado e a missão em comunhão. O que se afirma para o conjunto da Igreja adquire especial importância na compreensão das vocações sacerdotais, a serem cultivadas e vividas em comunidade. “A Igreja necessita de sacerdotes e consagrados que nunca percam a consciência de serem discípulos em comunhão” (324). Daí a especial importância da vivência comunitária, da participação e engajamento pastoral na comunidade cristã, para os vocacionados ao sacerdócio.
Toda a comunidade cristã deve sentir-se responsável pelo cultivo das vocações, por meio da oração, da reflexão e de iniciativas de comunhão e solidariedade, para com os vocacionados, os lugares de formação e os nossos padres. A Pastoral Vocacional precisa ser mais valorizada. Durante o mês vocacional, toda a Igreja no Brasil é convidada, de modo especial, a rezar mais pelas vocações, a refletir, a incentivar e apoiar as vocações, iluminada pela palavra de Jesus: “Pedi ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua colheita” (Mt 9,38).