ACN e Comissão para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB convocam dia de oração pela paz no Haiti

Diante da grave crise humanitária e social que atinge o Haiti, a Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da CNBB e a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) convocaram um Dia de Oração pela Paz no Haiti, a ser realizado no próximo sábado, 1º de novembro. A iniciativa quer unir comunidades, paróquias e grupos missionários de todo o Brasil em súplica pela paz e pela proteção do povo haitiano, profundamente marcado pela violência e pela instabilidade política.

Segundo a Comissão, a data será uma oportunidade para “manifestar solidariedade concreta a um povo irmão que sofre e testemunhar a força transformadora da oração em comunhão com toda a Igreja”. A ideia é que sejam realizadas missas, vigílias e momentos de adoração nas dioceses do país.

Crise profunda e ameaças à liberdade religiosa

O Haiti enfrenta uma das situações mais delicadas de sua história recente. A violência de gangues armados e o colapso das instituições públicas têm gerado caos e insegurança, com milhares de mortos, raptos e deslocamentos forçados. A ONU estima que, apenas em 2024, o país registrou mais de 5.600 homicídios e 1.400 sequestros, além de 700 mil pessoas deslocadas de suas casas.

A liberdade religiosa, garantida pela Constituição haitiana, tem sido fortemente afetada. A atuação pastoral das igrejas cristãs – especialmente da Igreja Católica – tornou-se um desafio diante do domínio de grupos criminosos sobre vastas regiões do território. Segundo fontes locais, cerca de 70 paróquias tiveram de suspender atividades ou foram abandonadas por razões de segurança.

O arcebispo de Porto Príncipe, dom Max Leroy Mésidor, relatou à fundação Ajuda à Igreja que Sofre que “a vida cotidiana consiste em sofrimento, tiroteios, pobreza e privação. Há dois anos não posso visitar dois terços da minha diocese, e há muito tempo não vou à catedral”.

Protesto durante as eleições de Dezembro de 2020 | Crédito: Digital Democracy

Ataques a religiosos e instituições eclesiais

Os últimos anos têm sido marcados por ataques contra ministros religiosos, igrejas e congregações. Em março de 2025, duas religiosas da Congregação das Irmãzinhas de Santa Teresa do Menino Jesus foram brutalmente assassinadas em Mirebalais. Em 2024, diversos sacerdotes e missionários foram sequestrados, e templos católicos e escolas foram saqueados.

A Conferência Episcopal das Antilhas denunciou que “as igrejas se tornaram alvos de grupos armados”, ao mesmo tempo em que apelou à comunidade internacional por uma intervenção urgente e por ações coordenadas de reconstrução social.

Esperança e comunhão

Apesar da dor, há também sinais de esperança. Iniciativas como a Semana das Religiões, que reúne líderes religiosos e acadêmicos para promover o diálogo inter-religioso, têm buscado fortalecer o tecido social haitiano.

Com o Dia de Oração pela Paz no Haiti, a Igreja no Brasil se une a esse esforço de fé e solidariedade, confiando ao Senhor o futuro do povo haitiano.

“Rezamos para que a paz, a justiça e a reconciliação floresçam novamente naquela terra sofrida”, destaca a Comissão para a Ação Missionária e a Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

 

Por Larissa Carvalho | Com informações da ACN

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