Dom Adelar Baruffi
Bispo Diocesano de Cruz Alta (RS)

No dia 13 de outubro, por ocasião da nossa grande e bela Romaria Diocesana de Nossa Senhora de Fátima, foi oficialmente aberto do Ano Vocacional Diocesano, para 2019-2020. Justifica-se esta soma de esforços pela diminuição do número de vocações sacerdotais, religiosas e matrimoniais. O Sínodo realizado no ano de 2018, sobre os jovens, nos aponta o horizonte: estar próximo, anunciar Jesus Cristo e acompanhar o discernimento.

Toda vocação sempre parte de Deus e vem ao encontro da pessoa humana, questionando-a e pedindo uma resposta que empenha sua vida. O Sínodo dos Jovens recordou que no conhecido relato da vocação de Samuel (1Sm 3,1-21) temos as características fundamentais da vocação: “a escuta e o reconhecimento da iniciativa divina, uma experiência pessoal, uma compreensão progressiva, um acompanhamento paciente e respeitoso do mistério em ação, um destino comunitário. A vocação não se impõe a Samuel como um destino a suportar; trata-se duma proposta de amor, um envio missionário numa história de quotidiana confiança mútua” (Documento Final, n.77). É “uma longa viagem”. Os jovens precisam ser ajudados a reconhecer os sinais com os quais Deus fala. “Na descoberta da vocação, nem tudo aparece imediatamente claro, porque a fé ‘“vê” na medida em que caminha, em que entra no espaço aberto pela Palavra de Deus’ (Francisco, Lumen fidei, n. 9)”. Portanto, o primeiro passo para compreender a vocação na vida é um caminho de fé. Quem se encontra com Jesus Cristo e seu projeto abre os horizontes de sua vida e se pergunta: “Mostra-me, Senhor, os teus caminhos, ensina-me as tuas veredas” (Sl 25,4). Quem está no caminho de fé em Cristo, numa comunidade, irá compreender o sentido de sua vida e se propor a servir na vocação matrimonial, sacerdotal, diaconal ou religiosa.

Os primeiros desafiados a ajudarem os filhos no seu caminho de discernimento são os pais. No Sínodo, os jovens reafirmaram que a família continua, não obstante todos os desafios, como um lugar significativo para eles. Não somente pelo que é ensinado, mas pelo que se vive e como se vive o matrimônio. Infelizmente criou-se uma mentalidade que o mais importante e decisivo é a profissão e, depois, o caminho vocacional. Daí que a ausência do valor religioso descompromete da necessidade de preparar-se para o sacramento do matrimônio. Claro, soma-se a isto outras dimensões do nosso tempo, como a dificuldade da fidelidade na provação, a economia precária, o desprezo pela realidade familiar, dentre outras. O Papa Francisco nos recordou que o casamento é fruto de um caminho de amadurecimento e discernimento (cf. Amoris Laetitia, n.72). Isto se repete também para a vocação sacerdotal e religiosa. O primeiro espaço para o cultivo da fé é a família e hoje, cada vez mais, a comunidade. Também os jovens anseiam por Deus, desejam Cristo “água viva”. Uma vez que conseguem ver e estar próximos da vida sacerdotal e matrimonial, vendo sua beleza, abrem em si espaços para se encantar e procurar segui-la.

Proximidade, escuta, diálogo e acompanhamento para discernir. Esta é a missão desafiadora neste tempo. “Fazer-se presente, apoiar e acompanhar o itinerário rumo a escolhas autênticas é, para a Igreja, uma maneira de exercer a sua função materna, gerando para a liberdade dos filhos de Deus. Tal serviço constitui simplesmente a continuação do modo como o Deus de Jesus Cristo age em relação ao seu povo” (Documento Final, n. 91). O animador vocacional, leigo, religiosa ou padre, é quem oferece elementos para que o jovem se conheça, aprofunde sua vocação e se decida a servir. Convido a toda nossa Diocese para que, neste Ano Vocacional Diocesano, se criem novos processos.

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