Anunciar Jesus Cristo, nossa missão

Dom Adelar Baruffi
Bispo de Cruz Alta

 

No Dia Mundial das Missões, dia 20 de outubro de 2019, o Papa Francisco, na costumeira carta para esta festividade, aprofunda o sentido de nossa vida cristã missionária. Já tivemos a alegria de aprofundar, como Diocese de Cruz Alta, o tema do mês missionário, em nossas comunidades, Romaria e novenas. Porém, o mais importante é viver a missão. Ela se faz com os pés no chão, nos caminhos do interior e da cidade, nos bairros e nos condomínios, na catequese e nas escolas. Ela deve ajudar a formar “adultos na fé”, cristãos maduros, na Igreja e na sociedade. Pensemos, por exemplo, os desafios da família, do matrimônio, dos jovens, do meio ambiente e da pobreza. Tudo isto tem a ver com a missão. Claro, onde existem pessoas humanas, aí é lugar de partilha da alegria de sermos cristãos, batizados, filhos amados e salvos por Jesus Cristo! A primeira constatação que fazemos é que não podemos ser missionários por algum momento somente. É o nosso olhar permanente, a nossa constituição primeira, o mandato recebido um dia de Cristo Ressuscitado para toda sua Igreja. Infelizmente, nos acomodamos, achando que já bastava o anúncio recebido pela família e na preparação dos sacramentos. Nosso olhar deve ser permanente, numa partilha alegre do que nos edifica e, ao mesmo tempo, nos compromete.

Uma marca importante do missionário é a gratuidade. Quem se coloca, com fé, diante de si próprio, de sua vida, à luz de Deus, reconhece que a vida é um grande dom de Deus. “E esta vida divina não é um produto para vender – não fazemos proselitismo –, mas uma riqueza para dar, comunicar, anunciar: eis o sentido da missão. Recebemos gratuitamente este dom, e gratuitamente o partilhamos (cf. Mt 10, 8), sem excluir ninguém” (Francisco, Mensagem para o Dia Mundial das Missões, 2019). Num mundo mercantilizado, acostumado a vender e comprar, o anúncio do Evangelho quebra esta lógica. Assim, tantas pessoas, uma vez evangelizadas, sentem a alegria de partilhar o que acolheram. “Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que Ele fez em meu favor?” (Sl 115). Então, concretamente, cada mãe, pai, jovem, criança, todos, por seu modo de viver e pelo anúncio concreto podem ser missionários. Quando na sua comunidade lhe convidarem para ser missionário, diga sim! Mesmo que sinta alguma dificuldade para falar e anunciar Jesus Cristo, outra pessoa que vai junto poderá ajudar. Disse o Papa, nesta Carta: “Para o amor de Deus, ninguém é inútil nem insignificante”.

O que o missionário deve anunciar? Jesus Cristo, o Filho de Deus, que veio a nós para nos salvar pela ação do Espírito Santo! Cuidemos para não construir comunidades, famílias e organizações que supõe que todos já tenham aderido a Jesus Cristo e seu evangelho. Primeiro Deus e, depois, suas obras (cf. Francisco Van Thuan). Por isso, disse o Santo Padre, “o Batismo é verdadeiramente necessário para a salvação, pois garante-nos que somos filhos e filhas, sempre e em toda parte: jamais seremos órfãos, estrangeiros ou escravos na casa do Pai. […] Somos filhos dos nossos pais naturais, mas, no Batismo, é-nos dada a paternidade primordial e a verdadeira maternidade: não pode ter Deus como Pai quem não tem a Igreja como mãe (cf. São Cipriano, A unidade da Igreja, 4)”.

A missão é universal e permanente. “A fé na Páscoa de Jesus, o envio eclesial batismal, a saída geográfica e cultural de si mesmo e da sua própria casa, a necessidade de salvação do pecado e a libertação do mal pessoal e social exigem a missão até aos últimos confins da terra” (Francisco).

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