Arquidiocese de Niterói: 50 anos de missão

A nossa vizinha Arquidiocese de Niterói neste dia 22 de maio celebrará o seu Jubileu de Ouro.  Nós nos unimos aos nossos irmãos e irmãs que compartilham conosco o trabalho evangelizador e catequético neste Estado do Rio de Janeiro. São duas Províncias Eclesiásticas que levam adiante a bela e importante missão de continuar o anúncio de Cristo Ressuscitado a todos os seus habitantes.  A nova província eclesiástica foi criada pelo Papa João XXIII a 26 de março de 1960, pela bula Quandoquidem verbis, há, portanto 50 anos.

Na carta pastoral de 1º de março deste ano, os nossos irmãos D. Alano Maria Pena e D. Roberto Francisco Ferrería Paz convidam o povo de Deus dessa Arquidiocese para uma preparação intensa para comemorar este jubileu. A eles nós nos unimos em comunhão e ação de graças. Juntos, elevamos a Deus nossos louvores por todos aqueles que fizeram e fazem parte desta bela história da Igreja Particular de Niterói.

Como ocorre com os fatos e situações neste Estado que por tantos anos serviu ao Brasil como sede, capital e centro de decisões, as mudanças e as questões políticas influenciaram tanto a criação das dioceses como também os próprios locais das sedes. A Diocese de Niterói, erigida pelo Papa Leão XIII a 27 de abril de 1892, através da Bula Ad universas orbis Ecclesias, desde a sua criação até 1908, além da própria capital, Niterói, esteve em várias sedes devido a questões políticas: Campos, Nova Friburgo, Petrópolis.

Agora, ao completar 50 anos da criação da Arquidiocese, depois de 118 anos de existência como Igreja Particular, é um momento especial de graça para toda a população que pode se renovar neste tempo jubilar, tanto agradecendo pela história do passado, como acolhendo os desafios do presente e futuro nessa mudança de época em que nos encontramos e adentrando o novo milênio com confiança e esperança.

Fazendo memória dos bispos, arcebispos, padres, religiosos, religiosas, leigos e leigas que nesses anos serviram e servem o Povo de Deus na Arquidiocese de Niterói, o hino de ação de graças ressoa pela voz daqueles que cantam o “Hino do Jubileu” e louvam a Deus com a “Oração do Jubileu”, comprometidos com a “retomada intensa da missão evangelizadora que está presente no coração” desta comemoração, como se referiu o meu irmão D. Alano, Arcebispo Metropolitano, a quem abraço em nome de todos.

Recordo os apóstolos que serviram ao povo de Deus nesses tempos: 1º Bispo: Dom Francisco Rego Maria (1893-1901), Lema: “Deus meus et omnia” (Meu Deus e meu tudo); 2º Bispo: Dom João Francisco Braga (1902-1907), Lema: “Amore et fortitudine” (Amor e fortaleza); 3º Bispo: Dom Agostinho Francisco Benassi (1908-1927), Lema: “In veritate et caritate (na verdade e na caridade); 4º Bispo: Dom José Pereira Alves (1928-1947), Lema: “In finem delexit” (Amou até o fim); 5º- Dom João da Matha de Andrade Amaral (1948-1954), Lema: “Pasce Agnos meios” (Apascenta as minhas ovelhas); 6º- Dom Carlos Gouvêa Coelho (1954-1960), Lema: “In Caritate Christi” (No Amor de Cristo). Arcebispos: 1º- Dom Antônio de Almeida Moraes Junior (1960-1976), Lema: “Annuntiabo Veritatem (Anunciarei a Verdade); 2º- Dom José Gonçalves da Costa, C.S.S.R (1975-1990), Lema: “Amoris officium pascere (Apascentar é uma tarefa de amor); 3º- Dom Carlos Alberto Etchandy Gimeno Navarro (1990-2003), Lema: “Cum Maria Matre Jesu” (Com Maria Mãe de Jesus), e atualmente  4º- Dom Frei Alano Maria Pena, OP (2003 até hoje), Lema: “Ut unum sint.” (Que sejam um). Recordamos ainda os Bispos Auxiliares: 1º- Dom José de Almeida Pereira (1954-1955); 2º- Dom Paulo Lopes de Faria (1981-1983); 3º Dom Roberto Francisco Ferrería Paz (2008 até hoje).

Quando há 50 anos o saudoso Papa, beato João XXIII elevava a então Diocese de Niterói a Arquidiocese, criando também uma nova Província Eclesiástica, integrada pelas dioceses de Petrópolis, Campos dos Goytacazes e Nova Friburgo, estávamos na expectativa do Concílio Vaticano II. Eram os tempos de grandes esperanças e confiança no Senhor da história que nos conduz. Agora, passados esses anos, nós nos unimos neste dia 22 de maio às celebrações jubilares com ainda mais esperança e confiança no Senhor, pois vimos a Sua fidelidade e experimentamos a Sua presença!

O dia da criação da Arquidiocese foi 26 de março, mas, como caiu na Quaresma, a festividade foi para esta época transferida. É interessante e significativo que a data da comemoração seja no tempo Pascal, às vésperas de Pentecostes, sinalizando justamente a confiança na ação do Espírito Santo que nos faz anunciar com alegria a Páscoa do Senhor. Aproveitemos, portanto, e louvemos ao Senhor por todos aqueles que deram e dão a sua vida nesta porção territorial do povo de Deus. Assim, unimo-nos à Arquidiocese de Niterói rezando a oração para o Jubileu:

“Deus de Amor e de infinita Bondade, Senhor doador de tudo o que temos e somos, a Vós erguemos nossos corações reconhecidos para expressar-Vos nossa imensa gratidão pelas inúmeras graças e dons espirituais concedidos à nossa Arquidiocese ao longo destes 50 anos! Nosso Hino de Louvor, Pai Santíssimo, sobe até o Vosso Divino Coração, recolhendo a memória do caminho evangelizador conduzido com zelo e edificante dedicação pelos três primeiros Arcebispos, com a colaboração de tantos sacerdotes, religiosos, diáconos e consagradas, leigos e leigas, para a glória do Vosso Nome e o bem de tantas almas.”

Ensina o Decreto “Christus Dominus” do Concílio Ecumênico Vaticano II no seu número 11 que: “Diocese é a porção do Povo de Deus confiada a um Bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério, de tal modo que, unida ao seu Pastor e por ele congrega no Espírito Santo mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua uma Igreja particular, na qual verdadeiramente está e opera a Una Santa Católica e Apostólica de Cristo”.  Ao falar da importância da Diocese devemos ressaltar o ministério do Bispo Diocesano como pastor próprio da sua Igreja Particular. O Bispo é mestre da fé e propagador da Palavra (munus docendi), santificador do povo cristão (munus sanctificandi) e pai e pastor da diocese (munus regendi).

Muitas vezes as pessoas se perguntam o que é uma Arquidiocese. A Arquidiocese é a diocese mais antiga ou mais importante de uma Província Eclesiástica, que é formada pelo conjunto de outras dioceses, em torno de seu Arcebispo, que é o Metropolita da Província Eclesiástica. O Arcebispo Metropolitano é o responsável pelo zelo da fé e da disciplina eclesiástica e pela presidência das reuniões dos bispos da Província. Mas não intervém diretamente na organização e na ação pastoral das demais dioceses (sufragâneas) da arquidiocese. O arcebispo usa, nos limites de sua Província, durante as funções litúrgicas, como sinal de unidade de sua Província com a Igreja em todo o mundo, o pálio, que lhe é entregue pelo Papa, no dia da festa de São Pedro e São Paulo, 29 de junho: uma faixa branca decorada de cruzes pretas que cobre os ombros, confeccionada com a lã de um cordeiro.

“Nosso Hino de Louvor, ó Pai de infinita Bondade, sobe até ao Vosso Divino Coração para bendizer-Vos e implorar-Vos a graça de uma profunda renovação de nossos corações neste Jubileu, a fim de nos tornarmos discípulos verdadeiramente missionários, apaixonados por Vosso Filho, Jesus Cristo, e conduzidos pelo Vosso Santo Espírito na realização de uma corajosa e ardente missão evangelizadora em nosso meio.”

“Pelas mãos da Virgem Auxiliadora e de São João Batista, padroeiros” da Arquidiocese de Niterói, totalmente desmembrada de nossa Arquidiocese, “depositamos em Vosso Divino Coração todas as  nossas intenções e necessidades, confiantes na Vossa infinita misericórdia.”

Que Deus abençoe o Exmo. Sr. Arcebispo Dom Alano Maria Pena e seu bispo auxiliar, Dom Roberto Ferrería Paz; o presbitério; todo o clero e o bom povo de Deus de Niterói. Que muitos outros jubileus sejam celebrados nesse momento especial em que somos convidados a sermos testemunhas do Ressuscitado!

Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém!

Dom Orani João Tempesta

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