Jesus deu para Pedro as chaves do reino dos céus para a ligação do terreno com o celeste (conferir em Mt 16, 19). É muito para um ser humano, pescador, pobre, trabalhador, ignorante! Quem liga mesmo a terra com o céu é Deus, que se fez um de nós, também pobre, humilde, desprovido de ostentação, simples, mas verdadeiro, afeito à execução da vontade do Pai, obediente… Mas Ele quis usar a cooperação humana.

A profissão de fé em Jesus, por parte de Simão, mereceu a grande missão que lhe outorgou o Senhor. Com este apóstolo também fazemos nosso compromisso de fidelidade a Deus. A coerência nos é exigida. A presença do Salvador em nossa história é prometida por Ele: ‘Estarei convosco…’. O poder do inferno não destrói a Igreja (Cf Mt 16, 18). Muitos julgam poder esmagar a força e a missão da Igreja, mas não adianta lutar contra a força de Deus. Somos encarregados de mostrar o sinal do Reino para todos, mesmo com a realidade do martírio porque passaram também Pedro e tantos discípulos, a exemplo do próprio Jesus.

Mas a profissão de fé não se dá simplesmente em uma instituição ou religião de invenção humana. O Filho mostrou sua identidade divina selada com a ressurreição. Uma coisa é acreditar no ser humano, sujeito a engano e falha. Outra é a crença em Deus, através da adesão incondicional ao Cristo: ‘Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo’ (Mt 16, 16). Pedro não se enganou. Mostrou-nos a razão da vida. Por Cristo vale a pena deixar tudo e realizar seu projeto de salvação. Compreendemos também a fé simples do povo que se coloca no caminho de total fidelidade a Deus, no esforço de seguir sua Palavra, em coerência com a fé na pessoa de Jesus.

Muitos, no entanto, se enganam. Fazem o que algumas lideranças indicam, nem sempre coerentes com a pessoa e os ensinamentos bem compreendidos e assumidos de Jesus. Uma coisa é segui-lo. Outra é seguir os caprichos de lideranças humanas. Algumas destas querem usufruir financeiramente da fé simples de pessoas, prometendo-lhes o que não têm para dar. Ninguém tem poder de salvar eternamente ninguém, a não ser o próprio Deus. Ele se serve de mediação humana, como a de Pedro, mas sempre em consonância com a pessoa de Jesus. Não basta usar seu nome para se dizer que Ele assim ensinou.

É preciso haver a diretriz conforme o testemunho dado com a experiência de intimidade com o Ressuscitado, como a dos apóstolos de Jesus. Tendo-se recebido a missão dele, por sucessão apostólica e por conteúdo assumido do ensinamento oficial dos apóstolos, é que se tem a garantia da salvação trazida pelo Filho de Deus. A boa fé, mesmo na ignorância sem culpa, pode abrir caminho para os efeitos da salvação de Cristo. A má fé, no entanto, com lesão da simplicidade do povo, não dá base à credibilidade do ensinamento e da outorga dos meios da graça da salvação.

Toda pessoa autenticamente cristã assume a missão de levar aos outros a proposta de Cristo. Teremos, assim, na sociedade, a veiculação de sua verdade salvadora. Na família, nos ambientes, no trabalho, no ensino, no comércio e na política se espalha o fermento da Boa-Nova. A política é instrumento privilegiado da prática do serviço ao bem comum. Conduzida adequadamente torna-se meio eficaz da ação de amor. Neste ano somos chamados a levar a sério a ação da cidadania com a responsabilidade de votarmos bem. No ideal cristão, o bom político se torna também chave da realização do bem.

Dom José Alberto Moura

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