Em mais um dia de entrevistas coletivas do 12º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), o bispo emérito de Ji-Paraná (RO) e vice-presidente da Comissão para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Antônio Possamai foi um dos que compunham a mesa, junto com a assessora do Leste 2 da CNBB (Minas Gerais e Espírito Santo), Leila Regina e do pastor da Igreja Metodista, Cláudio Ribeiro.
O bispo emérito de Ji-Paraná disse sentir-se honrado em participar de um encontro desta grandeza, em pleno coração da Amazônia, pela qual dedicou muitos anos de sua vida, na preservação e no trabalho conta a exploração de forma “irresponsável” de suas riquezas naturais. “Eu estou aqui nessas terras desde os tempos do grande e infeliz projeto de desenvolvimento da Amazônia que o governo militar quis implantar. Na mentalidade do governo a época, índios, ribeirinhos e seringueiros não eram gente. A Amazônia era uma terra desabitada. E para acalmar grandes movimentos de sem terra, que surgiam neste período, os militares os encaminhavam para o Norte para “desenvolve-lo”. Por isso vemos tantos conflitos agrários que causam milhares de mortes durante anos e anos, fruto desta colonização abruta e irresponsável”.
O bispo emérito explicou a atual realidade social e ecológica em que estão inseridas as principais cidades do Norte do Brasil. Dom Antônio falou que ¾ das cidades que surgiram de sua diocese [Ji-Paraná] enquanto bispo foi fruto do desmatamento, das queimadas ou de qualquer tipo de destruição da floresta amazônica. “Com o avanço da soja, do latifúndio, da pecuária, do agronegócio e com a expulsão dos pequenos agricultores que se formam as cidades de médio porte que no interior da floresta”, ressaltou.
Falando sobre a força da Igreja na Amazônia e da luta dos povos que ali vivem, dom Antônio relatou que a voz que hoje se levanta e que incomoda os grandes desmatadores e destruidores, é a voz da Igreja, “por isso, é de suma importância a vinda do Intereclesial, que na minha concepção é um dos maiores e mais importantes eventos da Igreja no Brasil, e é uma questão fundamental e estrutural para que as populações indígenas, ribeirinhas, quilombolas vejam, percebam, sintam que não estão sozinhas”.
