Debater questões relacionadas ao Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônica, foi o objetivo de uma Audiência Pública conjunta promovida por duas Comissões da Câmara: a de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e a de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA). A reunião foi presidida pelo deputado Helder Salomão e contou com a presença de representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nesta terça-feira, no plenário 15 da Câmara Federal.
O Sínodo dos Bispos para a Amazônia foi convocado pelo Papa Francisco em outubro de 2017. A assembleia Especial do Sínodo acontece agora de 6 a 27 de outubro, no Vaticano, em Roma. “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” é o tema escolhido pelo papa Francisco para esta edição. Um dos objetivos principais é identificar novos caminhos para a evangelização, especialmente dos indígenas, e também por causa da crise da Floresta Amazônica.
Para falar sobre o assunto foram convidados, da CNBB, o bispo da Prelazia de Marajó (PA), dom Evaristo Spengler; a secretária-executiva do regional Nordeste 5 da CNBB, Martha Bispo e o secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Cleber Buzzato.
Na audiência, requerida pelos deputados Helder Salomão e José Ricardo, dom Evaristo citou a Encíclica ‘Laudato Si’ sobre o Cuidado da Casa Comum, do papa Francisco, onde o pontífice retrata a existência de uma “complexa crise” socioambiental. Essa Encíclica, segundo dom Evaristo, é que “dá as bases e orientações para uma compreensão maior da Igreja para a questão ambiental, abrindo um caminho eclesial para o Sínodo da Amazônia”.
Dom Evaristo fez questão de enfatizar que a preocupação com a Amazônia não é só do papa Francisco e que a Igreja está presente na Amazônia com leigos e missionários há mais de 400 anos. “Esses missionários chegam aonde o Estado não chega”, afirmou o bispo. Na ocasião, assegurou que o Sínodo quer levar toda a Igreja a encantar-se com a Amazônia e a comprometer-se com a Amazônia.
Com a fala, Martha Medeiros, secretária-executiva do regional Nordeste 5 da CNBB, reafirmou que a convocação do Sínodo para a Amazônia tomou como base a Encíclica Laudato Sí, do papa. Para ela, o Sínodo é uma forma de caminho para que a Amazônia se liberte das formas de exploração e desmatamento. “O Sínodo é convocado para conhecermos ainda mais os sonhos daqueles que habitam a Amazônia: ribeirinhos, quilombolas, povos indígenas”. Segundo Martha, é preciso conhecer a realidade desses povos para que se possa ainda realizar uma melhor forma de evangelização.
Cleber Buzzato, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), argumentou que o Sínodo tem a proposta de escutar os povos da Amazônia. Na ocasião, ressaltou a importância da demarcação das terras indígenas, dado o aumento do número de invasões nos territórios tradicionais, colocando em risco a sobrevivência de diversas comunidades indígenas no Brasil. Para ele, o Sínodo é uma forma de se chamar atenção para as necessidades desse povo.
De outra instituição, também participou da audiência o coordenador do Núcleo de Estudos Amazônicos (NEAZ) e do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da Universidade Federal de Brasília (UnB), Manoel Pereira de Andrade. O momento foi interativo e permitiu ainda a participação do público com perguntas e comentários.