Assembleia Legislativa de Santa Catarina homenageia CFE 2016 em sessão especial

Acesso universal ao saneamento básico foi uma das exigências feitas pelos presentes

“É na Sagrada Escritura que buscamos a motivação que nos leva a querer uma cidade melhor, a colaborar para que, de fato, haja água de qualidade para todos, para que a questão do lixo seja solucionada de maneira adequada, para que o esgoto receba tratamento adequado”, disse o arcebispo de Florianópolis, dom Wilson Tadeu Jönck, durante a sessão em homenagem a Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) 2016, ocorrida na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, no dia 23 de fevereiro.

Na ocasião, o presidente do regional Sul 4 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Francisco Salm, fez um apelo aos deputados para que ajudassem “no âmbito de suas competências a tornar o saneamento básico uma realidade”.

O bispo lembrou que justiça social requer justiça ambiental, mas evidenciou a distância existente para este ideal. A falta de saneamento “é o clamor das três milhões e quinhentas mil pessoas que morrem no mundo, todos os anos, por falta de água potável, de saneamento e de condições de higiene, de acordo com a ONU”.

Há, segundo dom João, 100 milhões de brasileiros sem coleta de esgoto. Ainda de acordo com o bispo existem 400 mil brasileiros, metade são crianças de até 5 anos, internados por ano, com diarreia, por falta de saneamento básico, o que causa prejuízo também na escola, pois alunos que vivem em área de saneamento apresentam diferença de 18% no aproveitamento escolar em relação aos que vivem em áreas saneadas.

“O acesso ao saneamento promove a inclusão social e a garantia dos principais instrumentos de proteção da qualidade dos recursos hídricos e dos inibidores de doenças, como cólera, febre amarela, chikungunya, dengue, diarreia e Zika”, lembrou dom João. O bispo destacou que o saneamento básico deve ser uma ação de combate à miséria, “buscando a preservação do meio ambiente e a manutenção da saúde pública em níveis adequados”.

Representando o Conselho de Igrejas para Estudo e Reflexão (CIER), o pastor sinodal, Inácio Lemke, pontuou que as Igrejas Cristãs defendem o acesso ao saneamento básico destinado à inclusão social e a garantia da qualidade de vida. “O Estado deve redobrar o financiamento e a gestão dos serviços deve ser pública”, disse.

Solução depende de todos

Daniel José da Silva, professor aposentado da UFSC, pós-doutorado em gestão social da água, explicou que “o governo não tem a titularidade da água, ele é apenas o guardião. A titularidade é do cidadão”. Para ele, os cidadãos devem assumir a sua responsabilidade pela água, por meio de mesas redondas permanentes, porque a resposta para o problema não será dada pelos governos. “Olha a quantidade de lideranças que temos nessa mesa, sejam políticas, sejam religiosas. Isto não deveria ficar apenas em um dia no ano. Deveria ser permanente. Na medida que essas lideranças convidam as universidades e os sindicatos, eles se farão presentes. Não tem como você se negar participar de um esforço dessa natureza”, disse o professor.

Daniel revelou seu “alento muito grande” pelas palavras do papa Francisco na encíclica Laudato Si’, que considerou “um marco na produção de boas novas”. Para ele, o papa foi “muito feliz ao dizer que é preciso uma cultura do cuidado”.

Com uma placa, a Assembleia Legislativa homenageou as igrejas Católica Apostólica Romana, Episcopal Anglicana do Brasil, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Sirian Ortodoxa de Antioquia, Presbiteriana Unida, entre outras entidades que integraram a Comissão da CFE 2016.

 

Com informações do regional sul 4

Foto: Solon Soares/Agência AL

 

Tags: