Assessor do Fórum Mudanças Climáticas destaca trabalho da Cáritas e da Repam

Ações de organismos eclesiais enfrentam desafios da mudança do clima e preservação do bioma Amazônico

O assessor nacional do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social e membro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Ivo Poletto, destacou, em artigo publicado recentemente pela Cáritas Internationalis e pela Signis América Latina, o trabalho realizado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam) e pela Cáritas Brasileira no contexto brasileiro do aquecimento do planeta. Poletto participa com outros membros de iniciativas eclesiais da 21ª Conferência das Partes (COP-21) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que acontece em Paris, na França.

Poletto fala sobre uma conclusão do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) de que o Brasil é um dos países que mais será afetado pelas mudanças climáticas. “A Amazônia, em particular, experimentará este maior aquecimento do planeta, o que colocará em perigo a floresta”, afirma.

A crise hídrica que afetou boa parte do país, desde o final de 2014, deve se agravar, segundo o IPCC.

De acordo com o assessor nacional do Fórum, a resposta governamental tem sido lenta. Faltam prioridade para aprovação de legislação correlata e de projetos, destinação de recursos para implementação e medidas para redução do desmatamento. Ao contrário, considera Poletto, tem sido dada prioridade à energia hidrelétrica na Amazônia. “Isto tem um impacto socioambiental e aumenta o desmatamento, ao mesmo tempo que progride no sentido capitalista, que não é progresso. Seguiremos usando mais e mais combustíveis fósseis e perfurando em busca de petróleo”, lamenta.

Iniciativas

O artigo do assessor nacional do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social apresenta as ações da Cáritas em diferentes regiões, como no Nordeste brasileiro, onde promove projetos de água, agroecologia e comércio justo, em meio à realidade do semiárido. Também há apoio à reabilitação de poços, reflorestamento, além da participação no Fórum, que atua na busca por políticas de proteção ao clima.

A Repam, por sua vez, tem a missão de “reconhecer e apoiar o que as Igrejas estão fazendo. Por outro lado, encoraja comunidades, paróquias e dioceses a que adotem em visão pastoral que implica cuidar da biodiversidade e de todo a Amazônia em nome da humanidade, como parte de sua experiência cristã”, explica o articulista.

As indicações de conversão ecológica, apresentadas pelo papa Francisco na encíclica Laudato Si’ – Sobre o cuidado da casa comum, inspiram as ações da Repam, que também atua no apoio aos povos indígenas, “em defesa da Amazônia e promove formas com que as comunidades de povos tradicionais possam viver em harmonia com o meio ambiente”, acrescenta.

COP 21

Ivo Poletto também comentou sobre as expectativas para as decisões que podem surgir da COP. Ele espera “que os países sejam capazes de adotar medidas para enfrentar o aquecimento do planeta e que estabeleçam um marco para monitorar estes métodos, a fim de que se possa chegar aos objetivos”. Entretanto, lamenta a postura da Organização das Nações Unidas (ONU) em permitir a “presença física e política de grandes empresas que são responsáveis pelo desenvolvimento baseado na exploração da natureza e das pessoas e que, por esta razão, são a principal causa do que está provando o aquecimento do planeta e das as mudanças climáticas”.

Em outro relato sobre os trabalhos na COP 21, afirmou que os responsáveis pela Conferência do Clima preferem ouvir os empresários aos povos tradicionais. “É muito pouco provável que as verdadeiras causas não sejam acatadas, frustrando a humanidade mais uma vez”, disse.

Com informações da Signis ALC

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