Dom Rodolfo Luís Weber
Arquidiocese de Passo Fundo (RS)
Entramos na Semana Santa que foi preparada pela vivência quaresmal. É a semana da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Uma semana na qual é preciso dar tempo à contemplação do mistério da salvação através da leitura e meditação dos textos bíblicos propostos pela liturgia.
A semana começa com uma procissão festiva e jubilosa do Domingo de Ramos. Jesus é acolhido em Jerusalém de forma solene como rei (Lucas 19,28-40). Uma multidão de discípulos, aos gritos e cheia de alegria, louva a Deus por tudo o que Jesus tinha feito. “Todos gritavam: Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas”. No nascimento de Jesus, segundo Lucas, foram os anjos que anunciaram: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz a todos por ele amados!” (Lc 2,14). Os que se tornaram discípulos de Jesus experimentaram a sua paz e no coroamento da sua missão anunciam ao mundo a paz e a bênção experimentada.
Passaram-se os anos e nós, discípulos de hoje, também cantamos louvores ao Senhor pelos prodígios que vimos e vemos. Há homens e mulheres que renunciam ao seu conforto e projetos pessoais e se colocam ao serviço de outros que sofrem; muitos de opõem à violência e à mentira para dar lugar à verdade que liberta; quantos no silêncio fazem o bem ao próximo, proporcionam a reconciliação, criam um ambiente de paz onde reina a inimizade.
O Domingo de Ramos também é o domingo da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os textos bíblicos não são uma simples crônica para satisfazer a curiosidade, mas são um anúncio de fé. São as testemunhas oculares que falam a outros que já creem ou que estão se abrindo para a fé. São textos para serem lidos e meditados na perspectiva da fé. Pois, não contam a história de um condenado à morte, mas contam o caminho da manifestação messiânica de Jesus e da sua glória.
Os evangelistas relatam que a vida de Jesus foi enxugando lágrimas de sofredores, curando doentes, multiplicando alimentos, dando o perdão, fazendo compreender que a doença não é castigo dos pecados. Enfim, viveu fazendo o bem. Mesmo assim, vai passar pelo sofrimento em solidariedade com todos os sofredores, especialmente os sofredores inocentes.
A paixão de Jesus é uma concentração de sofrimentos. Experimenta todos os sofrimentos humanos possíveis: a incredulidade, chora por Jerusalém, calúnias, a traição de Judas, a negação de Pedro, o despojamento de suas vestes, o isolamento e o abandono.
Porém seu sofrimento não é de alguém derrotado, resignado e nem o considera uma fatalidade, mas um sofrimento aceito e valorizado. Um sofrimento proveniente da fidelidade à missão. No caminho do Calvário encontra palavras para consolar os que choravam a sua condenação, perdoa quem o maltratava e concede a vida eterna ao que estava crucificado ao seu lado.
Não é possível resumir a narração da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Todos os fatos são decisivos e devem ser ligados com toda sua vida. Para se aproximar dos relatos se faz necessário percorrer o mesmo itinerário de Jesus da morte à vida, da paixão à glória.
Admiração, participação e reconhecimento são atitudes recomendados e estão entre os sentimentos desejados. Deste modo, a solene liturgia do Domingo de Ramos aumentará a consistência espiritual e orientará para a plenitude pascal.