Obra indicada: GRÜNWALDT, Klaus. Olho por olho, dente por dente? O Ditreito no Antigo Testamento. S. Paulo-SP; Loyola, 2009. 221 p. [O original alemão é de 2002, publicado por uma editora católica, Matthias Grünewald, de Mainz.]

 

Autor (breve apresentação) :

Klaus Grünwaldt é professor de Ciências Bíblicas (Antigo Testamento) na Universidade de Bonn-Alemanha e Pastor da Igreja Evangélica Unida da Alemanha (VELKD).

Sinopse:

A revelação se serviu dos seres humanos e das instituições humanas na transmissão do seu conteúdo. E uma das instituições da sociedade humana é o Direito. A Bíblia está cheia de citações, referências, alusões às leis. Chega também a discutir a interpretação das leis. Mas quem conhece a legislação do antigo Israel? Entre os cristãos comuns, mesmo os que têm alguma formação bíblica, é costumeiro um grande desconforto na compreensão das passagens de teor legislativo, a começar dos Dez Mandamentos e dessa citadíssima expressão de Talião “olho por olho, dente por dente”.

Durante algum tempo os leitores brasileiros tinham quase exclusivamente uma fonte, aliás de notável valor e de bom autor, para se informar sobre as instituições jurídicas do AT. Eram os dois volumes da obra do Pe. Roland De Vaux OP, antigo diretor da École Biblique et d’Archéologie Française de Jérsualem, da Révue Biblique et da coleção Études Bibliques: As instituições do Antigo Testamento. O original francês é de 1960. Se é verdade que havia tradução dessa obra em vários idiomas, ela só foi traduzida e editada em Portugal e no Brasil(Vida Nova) em 2003, quando já podia ser considerada parcialmente superada, tais e tantos foram os progressos em ciências bíblicas em 40 anos de pesquisas.

A obra do Prof. Grünwaldt chegou portanto em bom momento, pois a partir de um “mote” (olho por olho…), em linguagem acessível, embora com algum esforço, e com muitas surpresas, ele ensina a interpretar as leis e o direito veterotestamentário (aliança, códigos, penalidades (inclusive a de morte), estado, propriedade, economia, lesões, vingança, processo, tribunal, testemunho etc.), que jamais devem ser lidos fora do contexto vivencial.

O estudo do Direito e das leis do AT aguça no cristão o sentido da Justiça e forçosamente nos impõe o confronto com o nosso senso de justiça. Daí a grande oportunidade e atualidade da obra. Até quando podemos dizer que nossa prática da justiça é bíblica? E até que ponto damos sequência aos preconceitos ou desinformações, dizendo que o Direito do AT é somente vingativo e voltado para a morte?

Partes principais da obra:

É claro que se trata de uma obra de estudo, que deve ser lida metodicamente, do começo ao fim. Se, contudo, o leitor sofrer de alguma sofreguidão, poderia ir logo ao capítulo VII, que aborda o tema do próprio livro. A surpresa da interpretação do Prof. Grünwaldt talvez sirva de atrativo para sorver os demais capítulos.

Mas, para o cristão, a parte principal da obra está certamente nos capítulos VIII e IX, pois eles estudam o “mandamento do amor” e “a Lei e o Evangelho”, mostrando que tanto para Jesus quanto para Paulo o direito bíblico, se não for sufocado pelos caixilhos do formalismo legal, não pode ser entendido como sinônimo de crueldade e de formas arcaicas de vingança e falta de humanidade.

Por que essa obra é referencial ou relevante (justificar):
Responsável pelas informações (nome/ diocese/ instituição em que atua):

Prof. Domingos Zamagna – São Paulo (SP)

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