Obra indicada: MAILHIOT, Gilles-Dominique. Os Salmos: rezar com as palavras de Deus. São Paulo SP: Loyola, 2008. 214p..
Autor (breve apresentação) :

Nascido em 1920 e falecido em março de 2008, Mailhiot era membro da Ordem dos Pregadores. Era Mestre em Teologia e obteve sua Licenciatura em Sagrada Escritura na Escola Bíblica de Jerusalém, tendo sido professor titular de Sagrada Escritura por muitos anos no Colégio Dominicano de Filosofia e Teologia em Ottawa (Canadá).

Sinopse:

Depois do prefácio de Lorraine Caza e o preâmbulo do biblista Jean-Pierre Prévost, o A., nos dois primeiros capítulos, dá uma apresentação geral. O primeiro capítulo abre o livro com a pergunta: Por que rezar com os salmos? A resposta vai por dois caminhos: primeiro, porque os salmos são orações a Deus inspiradas pelo próprio Deus. Esse é um dos aspectos mais originais dos salmos, pois, sendo eles parte da Bíblia, ou seja, da Palavra de Deus, são também orações, ou seja, palavras dirigidas a Deus. Nesse sentido, Deus é, simultaneamente, a origem e o destinatário dos salmos! Infelizmente, essa característica particular dos salmos, anunciada no subtítulo da obra em francês (“rezar a Deus com as palavras de Deus”), perdeu-se na tradução brasileira (“rezar com as palavras de Deus”).

Em segundo lugar, os salmos são orações que, de um modo ou outro, associam quem os reza a uma multidão de fiéis, tanto no judaísmo quanto no cristianismo, ao longo de mais de dois mil anos. Os salmos foram oração na boca de Jesus, são também oração na boca da Igreja. Por isso, tem sentido e valor continuar rezando com eles ainda hoje.

No segundo capítulo, o A. apresenta aspectos relativos à teologia que sustenta as orações dos salmos. Primeiramente, trata do tema do nome de Deus empregado naquelas orações e cânticos, especialmente o Tetragrama YHWH, utilizado 670 vezes no Saltério. Em seguida, o A. aborda a tensão entre a transcendência e a imanência de Deus. Por um lado, a majestade do Criador que habita no monte santo; por outro, a proximidade do Deus da Aliança, que volta seu rosto para o orante, para o sofredor que suplica, o Deus está no meio dos seus. Por fim, o A. propõe a releitura teológica dos salmos em chave de realização a partir da vinda de Cristo, plenitude da revelação de Deus.

Nos capítulos de 3 a 7, comenta grupos de salmos reunidos segundo seu gênero e/ou temática. No cap. 3 encontram-se os salmos relativos à cidade santa de Jerusalém (salmos das subidas, cânticos de Sião, referências ao Templo); no cap. 4, os salmos relativos ao louvor e à súplica (incluem-se aí os salmos de imprecação e a questão da dificuldade para rezar com eles); no cap. 5, os salmos de confiança e de ação de graças; no cap. 6, os salmos chamados de “sapienciais” (incluindo os salmos históricos e os relativos à Lei); por fim, no cap. 7, os salmos relativos à esperança messiânica (incluindo os salmos de YHWH Rei).

Em cada um desses capítulos, o A. inicia apresentando a temática e a mensagem dos salmos nele agrupados, tendo presente a tradição judaica no qual foram compostos e recolhidos, para em seguida fazer a passagem para a sua releitura cristã e eclesial. Ao longo desses comentários, o A. introduz habilmente informações que favorecem a compreensão do Livro dos Salmos: a história da sua composição, as coletâneas anteriores, a divisão do livro em cinco “livrinhos”, sua relação com a liturgia e com as festas judaicas, a questão da divergência numeração dos salmos, sua relação com outros textos da Escritura, etc. Apresenta também testemunhos sobre os salmos tanto de comentadores judeus (do Talmude, Simlai, Chouraqui) quanto cristãos (S. Agostinho, S. Bento, S. Tomás de Aquino, Lutero).

O oitavo e último capítulo faz uma bonita aproximação entre o Saltério e o Magnificat, caracterizado como “o salmo da pobreza de Maria”.

Partes principais da obra:

1. Pefácio

2. Preâmbulo

3. Introdução

4. Cap. 1: Por que rezar os Salmos?

5. Cap. 2: O grito teologal dos salmistas.

6. Cap. 3: A subida para Jerusalém

7. Cap. 4: O louvor e a súplica ou os dois movimentos principais da oração dos salmos.

8. Cap. 5: Os salmos de confiança e os salmos de ação de graças.

9. Cap. 6: Salmos de estilo sapiencial ou salmos de meditação.

10. Cap. 7: A esperança dos salmistas.

11. Cap. 8: O salmo da probreza de Maria: o Magnificat.

Por que essa obra é referencial ou relevante (justificar):

A obra é de leitura agradável. O texto é leve, as informações são bem dosadas, evitando-se os elementos mais técnicos que só interessariam a exegetas e especialistas. Além do estudo pessoal, pode servir como material didático para um curso introdutório ao estudo dos salmos.

Responsável pelas informações (nome/ diocese/ instituição em que atua):

Pe. Johan Konings SJ – FAJE, Belo Horizonte, MG

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