Bispo de Pemba, dom Luiz Fernando Lisboa, faz apelo pelo fim da guerra em Cabo Delgado

 

“Uma guerra que já dura três anos, que começou com um ataque a uma delegacia, prosseguiu nas aldeias distantes, depois passou para os vilarejos maiores, e por fim chegou às cidades, que se esvaziaram gradualmente”, disse dom Luiz Fernando Lisboa.

O bispo de Pemba, dom Luiz Fernando Lisboa, fez mais um apelo pelo fim da guerra no norte de Moçambique, que já causou mais de 2 mil mortos e mais de 500 mil deslocados. Numa entrevista à fundação Ajuda à Igreja que Sofre Portugal, o prelado destaca a situação catastrófica em que vive Cabo Delgado, alvo constante de ataques de grupos terroristas, que afirmam pertencer a Daesh, o autoproclamado Estado islâmico.

“Uma guerra que já dura três anos, que começou com um ataque a uma delegacia, prosseguiu nas aldeias distantes, depois passou para os vilarejos maiores, e por fim chegou às cidades, que se esvaziaram gradualmente”, disse o bispo.

“Mais de quinhentas mil pessoas deslocadas que precisam de tudo! Alimento, roupas, remédios, panelas, atenção, um lugar para viver, tudo”, afirma o prelado. “É uma guerra que trouxe muito sofrimento para todos nós”, e piorou uma situação já complexa.

O bispo assinala que os habitantes de Cabo Delgado estão cansados dessa violência. “O que o povo moçambicano mais deseja é a paz. Moçambique já enfrentou duas guerras e, aqui em Cabo Delgado, estamos enfrentando a terceira. As pessoas estão cansadas, estão sofrendo muito com esta guerra. O povo de Cabo Delgado, em Moçambique, quer a paz, anseia pela paz”, disse ainda o bispo de Pemba.

A entrevista com dom Lisboa foi feita após o ataque à missão de Nangologo no último fim de semana, a segunda missão mais importante da diocese. Segundo o prelado, a igreja, a casa dos sacerdotes, a casa das religiosas, a rádio da comunidade e o ambulatório foram totalmente destruídos e as pessoas foram obrigadas a fugir, através da floresta, para outras cidades e para Pemba. “Ajudamos muitas pessoas, enviando dinheiro para que pudessem fugir para lugares mais seguros”, disse o bispo.

No entanto, não obstante a destruição da missão, dom Lisboa faz questão de salientar que não se pode falar de guerra contra os cristãos. “Os cristãos não são o alvo principal dos terroristas.” “Muitas igrejas importantes foram queimadas, mas o mesmo destino foi reservado para as mesquitas. Além de catequistas e líderes comunitários, também foram mortos um líder muçulmano e outros líderes. Além disso, dentre os líderes religiosos, em Cabo Delgado, nunca houve nenhum problema, e os próprios muçulmanos tomaram distância desta guerra, não aceitando que se falasse de guerra de religião”, sublinha dom Lisboa.

Neste contexto difícil, a Igreja está comprometida com a construção da paz, construção que precisa do envolvimento não só do povo de Moçambique, mas também da Comunidade internacional.

“O que nós religiosos pedimos é a paz. É muito pedir a paz? Este é o trabalho da Igreja”, ressalta.

Por fim, recordando que numa guerra não há vencedores, mas apenas pessoas que, embora perdedoras, pensam que podem ter lucro, o bispo de Pemba conclui a entrevista agradecendo a todos os benfeitores de AIS que sempre ajudaram Moçambique, mesmo antes do início dos ataques terroristas.

Cristo Redentor iluminado também pela situação em Moçambique

Este ano, em novembro, o Cristo Redentor esteve iluminado em vermelho com o objetivo de chamar a atenção para a situação que se vive na província de Cabo Delgado, Moçambique. Desde 2017 a região sofre os ataques de um grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico na África Central. Estima-se que mais de 2.000 pessoas foram mortas e mais de 500.000 tenham sido deslocadas por conta da violência extrema perpetrada pelo grupo.

A ação intitulada “Red Wednesday (Quarta vermelha)” – é da ACN (Ajuda à Igreja que sofre) e foi simbólica cujo objetivo era iluminar em vermelho igrejas, edifícios públicos e monumentos em todo o mundo, como o Cristo Redentor, com o intuito de chamar a atenção para a situação dos cristãos perseguidos. ACN é o acrônimo do nome em inglês “Aid to the Church in Need”, que mantém o significo da missão recebida desde sua fundação: Ajuda à Igreja que Sofre.

A ACN está ajudando a região com projetos de ajuda emergencial, uma vez que o número de deslocados aumenta a cada dia. São pessoas que fugiram apenas com a roupa do corpo e sofrem fome e desidratação. Saiba mais em: https://www.acn.org.br/. 

 

Com informações e foto do Vatican News Service - AP/MJ

 

Tags: