Dom Leomar Brustolin 
Arcebispo de Santa Maria (RS)

 

Alguns sábios Orientais, estudiosos dos astros, seguiram o clarão de uma estrela e se colocaram a caminho. Chegaram a Herodes, que se perturbou com a inusitada visita. O rei Herodes continua sendo figura de toda falsa devoção, pois, fingindo desejos de adorar a Cristo, teria acabado com o menino se o tivesse encontrado. Toda cidade ficou perturbada com a visita dos sábios. Jerusalém permaneceu agitada pelos seus sentimentos de idolatria que a tentaram a se afastar dos mandamentos de Deus. Agora, não é capaz de reconhecer o rei que a visita.  

Deus nunca é reconhecido quando um ídolo ocupa seu lugar em nosso coração e nos separa de seu amor. Por isso, São Paulo nos alerta: nem perigo, nem espada, nem angústia, nem a fome, nem a nudez, nem um anjo, nem uma criatura, nada poderá nos separar do amor de Cristo.  

Seguindo uma estrela, estrangeiros chegam de longe para reconhecer quem nascera. Quando, em seu caminho, param no lugar do poder, da idolatria e do egoísmo, a luz se esconde. Buscam saber inutilmente notícias sobre o Rei dos reis. Mas, guiados por sua fé, saem do palácio e novamente caminham.  

Colocar-se a caminho, não ficar parado e insistindo em buscas, faz a vida reencontrar o sentido. Então, reencontram a estrela luminosa que, silenciosamente, indica a presença do Senhor num lugar que talvez jamais procurassem, numa simples casa de Belém da Judeia. O sentimento que invade suas vidas, naquele instante, é de alegria. Aquela alegria que Herodes não conhece, porque está fechado em seu mundo. 

Deus nos surpreende sempre. Vamos encontrá-lo em lugares e momentos que jamais esperávamos. Por isso ele é Deus, inefável, inimaginável, onipresente. Deixar Deus nos guiar no caminho da vida é uma graça, pois deixamos que a vida siga seu curso levada por Deus, e descobrimos que esse é o rumo certo do coração, não o nosso, mas o de Jesus. 

Quando os sábios entram na casa, encontram o Menino e sua Mãe. Seus gestos revelam que eles reconhecem quem está diante deles, por isso se ajoelham e adoram o Deus que se fez criança. Já nem lembram das dificuldades da viagem, pois chegaram à meta. E presentearam o rei com o ouro, o divino com o incenso, mas foram além, reconheceram sua humanidade mortal, por isso lhe deram a mirra, perfume usado especialmente em ritos fúnebres no Oriente. Deus, Rei e homem, é o Menino que se encontra braços de Maria. Caminhar na sua estrada, guiado pela estrela da fé, nos fará encher o coração de alegria e ressuscitar com ele.  Caminhemos para o Reino do Menino de Belém e a vida ganhará novo sentido.  

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