A vida da Igreja e a vida política do Brasil terão momentos importantes no mês de outubro, segundo o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis. A 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos e as eleições foram os temas tratados na entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira, 25, na sede da Conferência, em Brasília (DF), após o encerramento da reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep).
Família
“Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização” será o tema da 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, a primeira do pontificado de Francisco, que acontecerá no Vaticano, de 5 a 19 de outubro. Para dom Damasceno, a família passa hoje por grandes desafios e a Igreja busca, por meio de sua reflexão, “ajudar as famílias a viverem sua vocação tão bela, como uma vocação para o amor, fundamental para a Igreja e para a sociedade”.
Ele explicou o processo de preparação para o encontro. Primeiramente, foi enviado às conferências episcopais um questionário sobre a realidade das famílias. Num segundo momento, após as respostas, o resultado foi devolvido para o Vaticano. Lá foi preparado, a partir das realidades verificadas, o documento de trabalho, chamado de Instrumentum Laboris. Durante a Assembleia, haverá aprofundamento do tema, como preparação para a segunda etapa do Sínodo que acontecerá em 2015, quando será elaborado um documento final.
Dom Raymundo foi nomeado pelo papa Francisco como presidente-delegado do Sínodo, responsável por coordenar as atividades na ausência do pontífice. Também foram nomeados para este mesmo serviço os arcebispos de Manila, nas Filipinas, e de Paris, na França. Além do cardeal Damasceno, mais três cardeais brasileiros estarão presentes na Assembleia Extraordinária: o prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz; o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer; o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta.
Foram convocados ainda o eparca da Eparquia Maronita de Nossa Senhora do Líbano (SP), dom Edgard Amine Madi, e o casal responsável pelas equipes de Nossa Senhora da super-região do Brasil, Arturo e Hermelinda Zamberline. Serão 191 padres sinodais e 62 participantes entre especialistas, auditores e delegados fraternos.
Eleições
No contexto do pleito eleitoral do início de outubro, dom Damasceno recordou duas iniciativas importantes da CNBB, consideradas uma “ocasião ímpar para o cidadão exercer seu direito de escolher os representantes que vão administrar o país”.
O debate com os candidatos à Presidência da República, promovido pela CNBB e realizado pela Rede Aparecida de Comunicação, foi transmitido pelas emissoras de rádio e televisão de inspiração católica. Para para o cardeal tratou-se de “um espaço democrático no qual os candidatos puderam apresentar suas propostas e também responder às interpelações de alguns bispos e profissionais das mídias católicas”. “Com o debate o nosso eleitor pôde conhecer ainda mais um pouquinho cada candidato e suas propostas de governo”, disse.
O cardeal destacou saúde, educação, trabalho, família, a vida, a terra e a desigualdade social como elementos a serem observados na escolha do candidato. Ao recordar a mensagem “Pensando o Brasil – desafios diante das eleições 2014”, alertou que o eleitor não deve pensar em interesses pessoais ou de grupos, mas ter uma visão mais ampla dos grandes problemas do país e escolher o candidato que julgar ter mais condições de mostrar caminhos para responder o que o povo espera dos políticos.
“Com esse texto nós fazemos um apelo e convocamos os brasileiros para que exerçam o voto de forma consciente, pensando no bem da sociedade, pensando nas questões mais amplas do nosso país”, explicou dom Damasceno.
Ainda sobre a participação da CNBB na vida política do país, o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da Conferência, dom Leonardo Steiner, lembrou o apoio da entidade à mobilização acontecida na Semana da Pátria, com a coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Reforma Política e Eleições Limpas e recolhimento de votos para o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. “Apesar de não termos ainda todos os dados das assinaturas da semana da pátria, já são mais de 500 mil assinaturas. Esperamos até janeiro ter o número suficiente para dar andamento ao projeto”, reforçou.
Consep
A reunião do Consep aconteceu nos dias 23 e 24 de setembro. Estiveram presentes a Presidência da CNBB e os presidentes das doze comissões episcopais de pastoral da entidade. Assessores dessas comissões e representantes das pastorais e organismos vinculados à Conferência também participaram do encontro.