Cardeal Sergio da Rocha e dom Dirceu Medeiros destacaram experiência vivenciada na 2ª sessão do Sínodo

Com uma programação intensa, a assembleia do Conselho Regional (CONSER) – que acontece de 4 a 6 de novembro, e reúne o episcopado da Bahia e de Sergipe em Feira de Santana -, aborda diversos temas, entre eles o Sínodo. Na manhã de hoje, 5, o arcebispo de Salvador, Primaz do Brasil, cardeal Sergio da Rocha, e o presidente do regional Nordeste 3 e bispo de Camaçari, dom Dirceu de Oliveira Medeiros, partilharam a experiência vivenciada durante a segunda sessão ordinária do Sínodo dos Bispos, ocorrida de 2 a 27 de outubro, em Roma. Na ocasião, dom Sergio fez parte do Conselho do Sínodo e dom Dirceu esteve entre os padres sinodais.

“O tema do Sínodo foi muito tranquilo, sem muitos embates, muito sereno entre nós. Um dos motivos dessa serenidade foi o fato de o Papa ter separado 10 temas. Outro motivo foi que o Sínodo foi orante, com momentos de silêncio. Isso o Papa nos ensina sempre e nós devemos levar para as nossas dioceses: tempo de silêncio de três, cinco e dez minutos. Além disso, tivemos dois retiros, inclusive no dia de entregar o texto. O Papa nos ensina a pensar, a discernir questões mais ríspidas em um clima de silêncio. Isso é muito importante, cria um clima de serenidade”, disse o cardeal Sergio da Rocha, destacando a importância do Método da Conversação no Espírito.

De acordo com dom Sergio, diante do Sínodo no qual estavam prelados, sacerdotes, religiosos e leigos de todo o mundo, era perceptível a diferença entre as realidades e as expectativas de cada grupo. “É uma diversidade de contextos socioculturais. O que se percebe desse Sínodo? Uma descentralização da Igreja da Europa para a África e a América Latina. O Sínodo teve que lidar com a pluralidade de contextos sociais, culturais e eclesiais, e aqui se fala dessa Igreja múltipla, multifacetada, mas limitada. Nesse sentido, envolve a comunhão e a vivência da comunhão. O Papa deu a liberdade de votar a todos os que estavam presentes, inclusive os leigos. Apenas os membros do Conselho do Sínodo não poderão votar no texto final”, disse.

Ao falar sobre a experiência durante o Sínodo, dom Dirceu destacou o coração da sinodalidade, a conversão dialogal que deve promover a estima recíproca da Igreja, o discernimento eclesial, além da formação integral que abrange todo o povo de Deus. “O Sínodo é uma voz profética no mundo onde as pessoas perderam a capacidade de conversar. O Sínodo é um lugar profético! No mundo que está em conflitos e guerras, o Papa se reúne com os diferentes para colocá-los em diálogo: aqui está uma tarefa importante que é fazer crescer a autoestima e a dignidade batismal. O Papa não quer omitir as tensões, mas trabalhá-las na perspectiva espiritual”, disse.

O lugar geográfico também foi destacado. “Se fala do novo conceito de território, que não é geográfico, mas, sim, as redes de relações que nos desafiam a dar outras respostas e a criar vínculos, e aqui se insere o tema da pesca digital”, explicou Dom Dirceu.

“O texto do Sínodo desenvolve muito bem sobre a participação, a comunhão e a missão. É uma Igreja Sinodal que caminha unida, que leva as pessoas a participarem também do processo de decisão. Nós não podemos reduzir as temáticas do Sínodo a questões internas da Igreja. O meu desejo é que essa sinodalidade seja contemplada por nós na realidade que estamos vivendo. Nós temos que descer um pouco mais à missão. O espírito missionário tinha que ter percorrido mais o Sínodo. O que está aqui é muito importante, mas faltou, ao meu ver, uma abordagem mais missionária”, disse dom Sergio sobre o documento.

Dom Sergio falou, ainda, a nova Encíclica do Papa Francisco sobre o amor humano do Coração de Jesus, documento publicado no período da sessão ordinária do Sínodo. “Ainda não se tem feito a relação entre a Encíclica que o Papa publicou e outras encíclicas. Ela fala do amor do Coração de Jesus e do amor humano. Não se consegue entender o documento do Sínodo se não tiver como fonte o amor do Coração de Jesus”, disse.

 

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