O cardeal Luís Antonio Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, conduziu uma meditação durante o Retiro Quaresmal para a América, promovido pelas Pontifícias Obras Missionárias. Em sua reflexão, aprofundou algumas ideias-chave do Papa Francisco na sessão “Todo o povo de Deus anuncia o Evangelho”, do número 111 ao 134 da exortação apostólica Evangelii Gaudium.
O cardeal citou o que está contido no texto do Papa, a partir daquilo que se encontra no capítulo 28 de Mateus: “Em virtude do Batismo recebido, cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário”. Partiu também da ideia de que a vida é uma peregrinação.
“Todos os batizados, membros do povo de Deus e da Igreja, são peregrinos nesta terra como as demais pessoas. Mas nossa peregrinação humana com os outros é uma ocasião para evangelizar, para compartilhar a boa notícia e, ao evangelizar, oxalá possamos ajudar a transformar a peregrinação ou a história de outros peregrinos”, disse.
Dom Luís Antonio apontou como dissipar o temor que evita os batizados de serem evangelizadores. Como proposta, sugeriu recordar que “evangelizar significa, simplesmente, contar ou compartilhar a boa notícia, o evangelho”.
As boas notícias, continuou, “não são só uma informação, mas trata-se de uma experiência que te dá alegria, esperança, entusiasmo”. Assim, “para os batizados, a boa notícia é o amor e a misericórdia de Deus em Jesus Cristo que traz a salvação”.
Citando o número 127 da exortação, o cardeal filipino salientou que a promessa segura do amor de Deus nos transforma. “Os que experimentaram Jesus como misericórdia, justiça e amor, o proclamam como boa notícia através de suas palavras, de sua alegria, esperança, amor e uma vida renovada. Convertem-se em evangelizadores”.
“Mas os evangelizadores necessitam ser constantemente evangelizados, escutando o anúncio de Jesus ante os demais. Como peregrinos, evangelizamos e somos evangelizados juntos”, lembrou.
A cultura também é elemento importante na evangelização, uma vez que “o Evangelho se proclama, se vive e se expressa em modos pessoais, comunitários e culturais únicos” e que a evangelização é como uma peregrinação comum, um acontecimento intercultural entre pessoas e comunidades.
“Em Jesus, a boa-notícia está ligada a uma cultura, mas a transcende também e revela uma nova cultura. […] O Espírito Santo reúne todas as línguas na proclamação do nome de Jesus. Desde Pentecostes até hoje a boa notícia de Jesus se celebra, se proclama, se compartilha, se recebe e se vive em diversas línguas e culturas dos povos”.
Cardeal Tagle pontuou que os peregrinos devem dialogar com suas culturas e, da mesma forma, os batizados devem caminhar em culturas significativas numa peregrinação de evangelização da atualidade. As culturas citadas pelo cardeal, nas quais se dialoga, anuncia e aprende, são as dos povos indígenas, da revolução digital, das pessoas com deficiência e da realidade da migração.
Confira a reflexão na íntegra: