Carta da 6ª Ampliada Nacional das CEBS às Comunidades Eclesiais de Base do Brasil

Daqui deste vale cercado de montanhas, no calor do verão das Minas Gerais, nós, da Ampliada Nacional, enviamos a todos vocês, irmãos e irmãs “amados de Deus, chamados à santidade, graça e paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Rm 1,7).

Nestes dias 26 a 29 de janeiro de 2006 estivemos reunidos/as para avaliar nossos trabalhos do 11º Intereclesial e iniciar o processo de preparação do 12º Intereclesial, a realizar-se na arquidiocese de Porto Velho – Rondônia em 2009. Tivemos o prazer de ter conosco Dom Odilon Guimarães; Dom José Luis Bertanha, bispo responsável pelas CEBs na CNBB; o Bispo anglicano Dom Almir dos Santos; a Pastora Dilene Fernandes de Almeida da Igreja Metodista; o Professor Sérgio Coutinho, assessor do Setor CEBs da CNBB; a assessora Mara Lúcia Oliveira do CIMI. Também nos visitou o bispo emérito Dom Lelis Lara, que primeiro acolheu o 11º nesta diocese.

Nosso primeiro pensamento foi de alegria e gratidão a Deus que nos proporcionou aquele grande encontro imensamente amoroso, bonito e comprometido com a causa dos excluídos no seguimento de Jesus. Nossos irmãos e irmãs mineiros, tanto nas reuniões e seminários da ampliada, como no decorrer do intereclesial, deram prova de sua capacidade de acolhida e se desdobraram em todos os serviços necessários para a realização de um encontro de proporções grandiosas, como foi o 11º, superando as limitações e dificuldades. Somos gratos/as a todos aqueles e aquelas que, num esforço alegre e generoso, deram o melhor de si mesmos para que o 11º ficasse como uma marca inesquecível na história dos intereclesiais.

No primeiro dia de nossa reunião, após as apresentações e boas vindas de Dom Odilon, iniciamos a avaliação. Foram ressaltados como positivos: a acolhida nas famílias; a beleza das liturgias com o apoio da Rede Celebra; a produção literária do texto-base e de todo o material de preparação para o encontro, inclusive os cantos; o rosto da Igreja Povo de Deus que se expressou através de representantes dos excluídos como os jovens, pessoas com deficiência e indígenas; pela primeira vez as mulheres foram maioria entre os delegados; a comida farta; a animação e as equipe de canto; as cartas que saíram do encontro; a metodologia das tendas de saberes; conteúdo das exposições dos/as assessores/as e das reflexões; testemunhos.

Como pontos que podem melhorar foram lembrados: mais tempo de contato dos/as delegados/as com as famílias e comunidades locais; comunicação com a mídia e a divulgação dos Intereclesiais nos grandes meios; a distribuição de tarefas dos relatores, coordenadores e assessores nas diferentes plenárias; as grandes celebrações podem ser menos longas e mais adaptadas ao ambiente; menor distância entre os locais de trabalho e de hospedagem; retomar a fila do povo.
Nos dias que se seguiram, fizemos uma análise de conjuntura a partir das grandes regiões com a ajuda de assessores/as. Na conjuntura sócio-polítca e econômica, constatamos as ambiguidades do governo Lula: o modelo econômico continua esgotando a natureza e favorecendo a exclusão; houve aumento na oferta de empregos, mas permanecem os juros altos; apoio à agricultura familiar, mas também ao agro-negócio. Quanto à nossa posição em 2006, há necessidade de fazer um balanço do governo Lula e buscar retomar o projeto de nação na forma da Consulta Popular  “Mutirão por um novo Brasil”.

Na conjuntura eclesial, vimos a repercussão positiva do 11º Intereclesial na Assembléia da CNBB, expressa no documento 80. Observamos que apesar das dificuldades, há um esforço de diálogo ecumênico, intensificado nas campanhas da fraternidade ecumênicas e na presença de 11 igrejas no 11º; acompanhamos com interesse e orações a realização da 9ª Assembléia do Conselho Mundial das Igrejas em Porto Alegre; tomamos conhecimento da primeira carta encíclica do Papa Bento XVI, que recomenda a participação dos cristãos/ãs na formação de uma sociedade justa. Preocupou-nos o resultado do referendo contra a comercialização de armas, apesar dos esforços das igrejas em favor de uma cultura de paz. Preocupou-nos também a postura pré-conciliar de alguns grupos em relação ao modelo eclesial do Vaticano II. Dom José Luis Bertanha alertou-nos da necessidade dos cristãos/ãs continuarem na luta contra a exclusão social e promoverem o diálogo da Igreja com o mundo. Conscientes da importância da 5ª Conferência Episcopal Latino-Americana, propusemos acompanhá-la com sugestões, reflexões e orações.

Dedicamos, finalmente, várias horas de trabalho para reflexão da proposta para o 12º Intereclesial que a equipe do Regional Noroeste apresentou, em resumo: 2007 – trabalhar a CF: “Amazônia e Fraternidade”; 2008 – trabalhar os eixos do pluralismo, conhecimento e missionariedade; 2009 – realização do 12º, que deverá incluir visitas a diversas áreas da região como: territórios indígenas, reservas extrativistas, populações ribeirinhas, populações migrantes, periferias de Porto Velho, situações emergentes (presos, doentes, menores, idosos). A proposta foi discutida pelos regionais, devendo ser retomada nas próximas reuniões da Ampliada. A próxima reunião da Ampliada ficou marcada para os dias 20, 21, 22 e 23 de julho de 2006, em Porto Velho.

Agradecidos/as a Deus por mais uma etapa na caminhada dos intereclesiais e já saudosos/as do povo mineiro, enviamos nosso abraço cheio de confiança de seguirmos juntos no trem das CEBs. Até a próxima estação!

Ampliada Nacional.

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