Ao longo do dia, uma série de ações marcaram as comemorações do aniversário de 68 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência, dom Walmor Oliveira de Azevedo, deu início, às 9h, à celebração de ação de graças pela vida da entidade. Ele presidiu a Eucaristia que foi transmitida por emissoras de TV de inspiração católica e pelas redes sociais direto do Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (MG).
Em sua homilia, dom Walmor prestou reverência a nomes, figuras, eventos e ao serviço profético e evangelizador prestado pelos cerca de 500 bispos que compõem a Conferência durante a história de 68 anos da entidade, lembrando de forma especial do primeiro secretário-geral, dom Helder Câmara, e do primeiro presidente, dom Carlos Vasconcelos Carmelo Motta. Também ressaltou que a CNBB não é um clube ou uma organização qualquer, mas “o colégio que reúne os bispos de todo o Brasil para, pela experiência de espiritualidade, de comunhão, pelo compromisso de ser uma Igreja sinodal, fecundar a nossa força missionária, na solidariedade, na alegria do anúncio do Evangelho, na proclamação do Reino de Deus”.
Dom Walmor recordou o caminho histórico da CNBB, no qual homens de ontem e de hoje atuaram e atuam, “para nos fortalecer, para ser o lugar da comunhão, para ser lugar do entendimento de uma Igreja sinodal – que incluímos a participação de todos numa escuta sempre aberta de cada irmão e irmã membros do povo de Deus – para que assim possamos, no coração do mundo, cumprir a grande e importante tarefa que a nossa Igreja tem por desejo e mandato do seu Senhor há mais de 2 mil anos: de anunciar o Reino”. Esse anúncio se desdobra em voz profética, em serviço evangelizador, no convite ao dialogo dentro da Igreja e da Igreja como instrumento deste dialogo, “exercitando a sociedade numa nova e mais comprometida compreensão de que a vida é dom e que precisa ser promovida e defendida”.
“Ao celebrarmos esses 68 anos de existência e de história tão tica e tão bonita da CNBB, voltando nosso olhar para 1952, projetamos nosso olhar com muita confiança, conscientes dos desafios e das dificuldades para o hoje e para o amanhã, e renovamos o nosso compromisso de viver para sermos anunciadores do Reino e realizarmos na nossa vida o que hoje o Salmo 1 nos diz e agora repito como prece e como convite para que sejamos uma Igreja profética, missionária, sinodal e evangelizadora no coração do mundo”.
– Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Colaboradores de todo Brasil rezam pela CNBB
Na sede da CNBB, em Brasília-DF, às 11 horas, o secretário-geral da Conferência, dom Joel Portella Amado, presidiu uma missa para alguns colaboradores da CNBB que estão retomando gradativamente as atividades presenciais.
Em sua homilia, dom Joel afirmou que duas palavras marcam a trajetória da CNBB: serviço e adaptação. “A CNBB nasceu para o serviço e sempre teve uma capacidade imensa de adaptação. Sem perder sua identidade, a Conferência soube responder a cada momento distinto, basta olhar para as transformações que vivemos por causa da pandemia”, explicou.
Terço da Solidariedade e da Esperança
O Terço da Solidariedade e da Esperança que vem sendo rezado todas às quartas-feiras em solidariedade às vítimas da Covid no Brasil, por seus familiares e pelos trabalhadores da saúde, hoje cedeu lugar à ação de graças pela vida da CNBB. Às 15h30, bispos, assessores e colaboradores da CNBB rezaram um terço nas intenções da Conferência e da Igreja no Brasil. O terço foi transmitido pelas TVs de inspiração católica do país e também pelas redes sociais da CNBB.
Segundo o bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, o terço revelou um pouco o mosaico que é a vida da CNBB: “Uma vida dinâmica, fraterna e servidora, mas nem sempre conhecida. Embora sendo um organismo dos bispos, sem a colaboração de tantos corações generosos e abnegados, a CNBB não cumpriria sua função”, disse dom Joel.
Live 68 anos da CNBB
Uma live, com a participação de dois ex-presidentes e secretário-geral da CNBB, os cardeais Raimundo Damasceno, bispo emérito de Aparecida (SP) e o cardeal Sergio da Rocha, arcebispo primaz do Brasil e do seu atual presidente, dom Walmor Oliveira de Azevedo, fez memória da história, identidade e também apontou os desafios para a atuação futura da CNBB e da Igreja no Brasil em torno da missão e da sinodalidade.
Mediada pelo coordenador executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista, a conversa girou por assuntos como a criação da CNBB, sua mudança para a capital federal, como está organizada a entidade e o processo de revitalização pelo qual passa por meio da renovação do seu Estatuto Jurídico-Canônico.
O arcebispo de Salvador, dom Sergio, aprofundou o papel da CNBB à luz da missão, sinodalidade e colegialidade. “A CNBB tem o papel de promover a comunhão entre os bispos em si e entre os bispos brasileiros e o Papa Francisco”, disse. Dom Sérgio disse que buscar uma Igreja sinodal pressupõe abrir-se sempre mais à participação e ao diálogo respeitando os diferentes carismas e papeis. O cardeal Sergio confidenciou ter presidido a CNBB num dos períodos mais difíceis da história recente do Brasil.
Dom Damasceno lembrou que o embrião da CNBB começou a surgir em 1950, quando dom Hélder Câmara, ainda nem era bispo, reuniu-se com o secretário de Estado do Vaticano à época em Roma, dom Giovanni Batistta (mais tarde Paulo VI), para falar do tamanho do Brasil e de suas diferentes realidades, o que apontava para a necessidade de criar uma organização capaz de promover a comunhão no episcopado brasileiro para melhor cumprir a missão da Igreja no Brasil.
O atual presidente da entidade, dom Walmor reforçou a ideia de que nos altos e baixos da história, a CNBB registrou muitas conquistas, com destaque para a sua atuação profética e missionária. Itinerário percorrido, segundo dom Walmor, cumprindo o mandato do Evangelho de buscar a sinodalidade e a colegialidade entre os bispos. O arcebispo de Minas Gerais também destacou o processo de renovação da CNBB por meio de um novo desenho de seu Estatuto Jurídico para responder as desafios do presente. O objetivo final, segundo dom Walmor, é ser uma Igreja que ajude o mundo a ser melhor.
Live sobre os 68 anos da CNBB: