Clero de Ribeirão Preto lembra de dom Joviano de Lima Júnior

“Nas mãos amorosas de Deus!”, este é o título do artigo escrito pelo padre Marcelo Luiz de Sousa, representante do clero de Ribeirão Preto (SP), sobre a vida e obra de dom Joviano de Lima Júnior, arcebispo de Ribeirão Preto (SP), falecido no último dia 21 de junho.

“Diante da vida e da morte, diante dos sobressaltos porque passamos em nossos dias, diante de tanto sofrimento e de tantas fadigas do homem de hoje, não podemos dizer nem confessar outra coisa, a não ser: ‘Eu sei que o meu Redentor, Jesus Cristo, vive!’. Esta é a grande certeza da nossa fé, do cristianismo e de seu humanismo. Esta profissão de fé transforma a nossa vida, enche-a de felicidade e de alegria, abre-a à esperança e  faz o homem caminhar na luz da verdade”, destaca um trecho do artigo.

Leia abaixo a íntegra da mensagem:

Nas mãos amorosas de Deus!

Diante da profunda tristeza que a impactante notícia da morte de Dom Joviano nos causou, queremos abrir nossos corações à esperança que somente o Pai Eterno nos pode dar.

Damos graças a Deus por Dom Joviano, pelo dom de sua vida entre nós. E desejamos tributar também ao ilustre irmão, amigo, sacerdote, bispo e pastor, neste momento, todo o nosso reconhecimento e gratidão. Mas não o fazemos apenas com as nossas próprias forças, que, aliás, são mínimas, mas com a graça e a força de Jesus Cristo que se oferece e se faz presente no mistério da Eucaristia.

A Palavra de Deus ilumina a vida deste nosso irmão, da mesma forma que conforta e edifica a nossa vida.

Dom Joviano, bem poderia proclamar para nós, hoje, com a mesma força e contundência, com a mesma precisão e fogosidade, as palavras do livro de Jó ”Eu sei que o meu Redentor está vivo!”.

Diante da vida e da morte, diante dos sobressaltos porque passamos em nossos dias, diante de tanto sofrimento e de tantas fadigas do homem de hoje, não podemos dizer nem confessar outra coisa, a não ser: “Eu sei que o meu Redentor, Jesus Cristo, vive!”. Esta é a grande certeza da nossa fé, do cristianismo e de seu humanismo.Esta profissão de fé transforma a nossa vida, enche-a de felicidade e de alegria, abre-a à esperança e  faz o homem caminhar na luz da verdade.

A Palavra nos diz:“Felizes os servos que o Senhor, ao chegar, encontrar acordados” (Lc 12,37).

Dom Joviano faz parte dessa imensa legião de homens e mulheres que viveram neste mundo em permanente vigília, sempre com as antenas ligadas, e que se deixaram apaixonar por Jesus Cristo. Toda a sua rica existência, existência operosa e cheia de méritos, foi marcada por uma profunda fé e uma entrega total ao serviço do Reino de Deus.

Sabemos que o amor de Deus traz sempre consigo a alegria, a serenidade e a paz. Lembra-nos o salmo 111: “Feliz o homem que respeita o Senhor e que ama com carinho a sua lei!”

“Ele é correto, generoso e compassivo como luz brilha nas trevas para os justos”. Dom Joviano brilhou entre nós como pessoa serena, alegre e pacífica. Extremamente discreto amante do silêncio e da oração, culto, porém simples, humilde. Ao tratar de coisa séria sabia fazer brincadeira. Destacava-se pela sua pontualidade.

A vida não se justifica apenas pela sua duração, nem pela lembrança, nem pelo aplauso dos outros, mas pela sua harmonia intrínseca, sobretudo pela capacidade de amar.

Perpassando a biografia de Dom Joviano, percebemos que ao chegar à nossa arquidiocese encontrou muitos desafios, contudo conseguiu realizar muitas coisas entre nós. Recordemos algumas delas: Criou várias paróquias, ordenou dezesseis padres e dois diáconos. Fundou a Escola Diaconal. Anunciou um ano missionário para comemorar o Centenário da Arquidiocese com o lançamento do Projeto SIM – Ser Igreja em Missão; anunciou em janeiro de 2008 a 13ª Assembleia Arquidiocesana de Pastoral.
Dom Joviano foi também membro do Conselho Episcopal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Presidente do Conselho Episcopal para a Liturgia; membro do Conselho Econômico da CNBB e membro efetivo da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos.

Hoje, sobretudo, consternados pela morte de nosso pastor queremos dar graças ao bom Deus pelo ministério sacerdotal que o Senhor lhe confiou e que ele exerceu com fidelidade e zelo até à hora de sua morte.

Pastor conforme o coração de Deus amou intensamente seu povo, em benefício do qual não poupou esforços nem sacrifícios, nos vários lugares em que exerceu seu ministério pastoral: Na Congregação dos Padres Sacramentinos, pelo mundo afora,e conosco nesta Arquidiocese como Arcebispo, durante este curto período nos mostrou que se faz necessário dilatar o coração de Jesus no mundo e como fiel discípulo de S.Pedro Julião Eymard , é preciso amar verdadeiramente a Eucaristia.

Coração inquieto, como Santa Teresa “nada te perturbe” e Santo Agostinho, amou e buscou apaixonadamente a suprema sabedoria, a Verdade e a beleza de Deus.

Irmãos a vida do homem sobre a terra é uma busca constante da plenitude de Deus. Esta plenitude que de alguma forma, misteriosamente, se oculta em nossas vicissitudes humanas. A este respeito Santo Agostinho dizia: “Fizeste-nos para ti Senhor, e o nosso coração estará inquieto até que não repousa em ti”.

“Deus é a razão perfeita, o fim último e a felicidade suprema do sábio” (Sócrates). Dom Joviano encontrou-o definitivamente e pôde receber o amoroso abraço do Pai no perene encontro, aguardado durante toda a sua vida, porém deixa-nos envoltos em sentimentos de profunda gratidão, de esperança e de saudade, pois sempre “no tempo da vida que passa… há sinais de esperança que ficam”. Obrigado, Dom Joviano, mais uma vez, pelo testemunho de sua vida!

Querido Pai e amigo, hoje encerraste teu peregrinar entre nós. Muito obrigado por teu sim ao Senhor na vocação sacerdotal; obrigado por ter vivido com alegria teu ministério sacerdotal; obrigado por tua entrega generosa e desinteressada; obrigado por tua inocência e jovialidade; obrigado por ter partilhado conosco teus dons de mente e de coração. Que tua vida oferecida por amor desperte muitas e santas vocações nesta Arquidiocese e em toda a Igreja.

Dos umbrais da casa de Deus, Dom Joviano, olhai por nós!

Padre Marcelo Luiz de Sousa
Representante dos Presbíteros

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