Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Caros diocesanos. Continuamos no mês de maio, dedicado especialmente pela tradição popular à Virgem Maria. Em mensagens anteriores, já refletimos a importância de alimentar a espiritualidade mariana, destacando-a como Mãe de Jesus e nossa mãe, mas também como discípula, como seguidora de seu Filho Jesus Cristo, unida ao nosso discipulado missionário na Igreja.
Nossas romarias marianas sempre destacam o caminhar na fé com a presença de Maria, Mãe da Igreja, que nos leva ao encontro de Jesus, seu Filho e nosso Irmão. Com Ela, a primeira e mais perfeita discípula do Senhor (cf. DAp 266), nós aprendemos como assumir o compromisso da fé e do amor na obediência à vontade de Deus, expressa na sua Palavra. Ela ensina o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo missionário. Com Maria Santíssima, fortaleceremos nossos vínculos fraternos e nos uniremos em família, a família de Deus, pois a Mãe confere ‘alma’ e ternura à convivência familiar, criando o verdadeiro espírito de comunhão eclesial. Diz o Documento de Aparecida: “Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e sua Igreja, como experimentamos muitas vezes nos santuários marianos. Por isso, como a Virgem Maria, a Igreja é mãe” (DAp 268). Da mesma forma pensa o Papa Francisco na Exortação Apostólica – Alegria do Evangelho: “Ela é a missionária que Se aproxima de nós, para nos acompanhar ao longo da vida, abrindo os corações à fé com o seu afeto materno. Como uma verdadeira mãe, caminha conosco, luta conosco e nos aproxima incessantemente do amor de Deus… Nos santuários se pode observar como Maria reúne ao seu redor os filhos… Lá encontram a força de Deus para suportar os sofrimentos e as fadigas da vida” (EG 286).
Maria é modelo de como colocar-se à disposição da vontade divina. Ela se coloca totalmente a serviço: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). Ela se torna a nova mulher, a nova Eva. Não mais a que desobedece, mas a que diz “sim” ao plano salvador de Deus. Maria havia concebido o projeto de Deus, já bem antes da anunciação, ou seja, Maria concebera antes na fé, no espírito, na mente que no ventre, como dizem os Santos Padres da Igreja. Com seu “sim”, ela participa decididamente do mistério da encarnação, oferecendo sua colaboração e sua cumplicidade a Deus. Jesus é o redentor; Maria é corredentora.
O documento “Culto Marial”, do Papa hoje Santo: Paulo VI, nos ajuda na reflexão que fazemos: “Os fiéis que procuram viver com a liturgia o espírito do Advento, ao considerarem o amor inefável com que a Virgem Mãe esperou o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a prepararem-se, também eles, para irem ao encontro do Salvador que vem, bem vigilantes na oração… A liturgia do Advento… apresenta um equilíbrio cultual muito acertado, que bem pode ser tomado como norma a fim de impedir quaisquer tendências para separar, como algumas vezes sucedeu em certas formas de piedade popular, o culto da Virgem Maria do seu necessário ponto de referência: Cristo” (Marialis Cultus 4).
Concluímos nossa reflexão – Com Maria no discipulado de Jesus – recordando cânticos marianos de romaria, que evocam essa temática: “Pelas estradas da vida, nunca sozinho estás; contigo pelo caminho Santa Maria vai…”; “Ó Maria, Mãe das Dores, Vem conosco caminhar. Vem unir-te aos louvores e este povo ensina amar”. E tantos outros que poderíamos citar.