Há dois anos, durante a 50ª Assembleia Geral da CNBB, o episcopado brasileiro tomou uma decisão profética para tentar amenizar a situação de diversas dioceses pobres. Foi apresentada uma proposta de que cada diocese destinasse mensalmente 1% de sua receita ordinária bruta para um fundo de solidariedade. A proposta foi aceita por unanimidade, e o projeto, chamado “Comunhão e Partilha” tornou-se realidade.
“A desigualdade social que existe em nosso país, e que gera essa divisão no mundo em que vivemos, não para na porta de nossas igrejas. Mas com este fundo de solidariedade temos ajudado as dioceses que têm uma situação econômica precária”, explica o bispo de Parnaíba (PI) e coordenador da Comissão “Comunhão e Partilha”, dom Alfredo Schaffler. Para ele, este projeto é uma concretização da proposta de comunhão e solidariedade, prevista na Constituição Dogmática Lumem Gentium, do Concílio Vaticano II.
De acordo com dom Alfredo, o fundo tem sido uma contribuição importante para a formação dos futuros presbíteros das dioceses mais pobres. Atualmente, são beneficiados 275 seminaristas de 45 dioceses com receita inferior a 20 mil reais. “Partilhamos o resultado deste trabalho com os irmãos bispos nesta Assembleia Geral, e muitos apresentaram de viva voz o que esse gesto representa. Alguns disseram que, sem esse projeto, não teriam condições de manter os seus seminaristas”. O bispo avalia que a partilha entre as dioceses é um gesto que dá “credibilidade na luta contra a desigualdade que está presente na sociedade. É uma prova de que somos capazes de mudar esta situação”.