Dom Rodolfo Luís Weber
Arcebispo de Passo Fundo
Na quinta-feira santa a Igreja celebra a instituição do Sacramento da Eucaristia. Neste dia, Jesus se reuniu com os discípulos para render graças, abençoar o pão e o vinho e depois realizar a partilha dos mesmos. A seguir ordenou que se fizesse isto em memória Dele. A partir daí a Eucaristia se tornou a “fonte e centro de toda vida cristã” (Lumen Gentium nº11) e a “Igreja vive da Eucaristia”. (EE – Ecclesia de Eucharistia nº 1, João Paulo II).
A Igreja enfatiza particularmente sobre “ a participação ativa, plena e frutuosa de todo o povo de Deus na celebração eucarística. (…) exorta os fiéis a “não assistirem à liturgia eucarística ‘como estranhos ou espectadores mudos’, mas a participarem ‘na ação sagrada, consciente, ativa e piedosamente” (…) ‘os fiéis sejam instruídos pela Palavra de Deus; alimentem-se à mesa do corpo do Senhor, deem graças a Deus; aprendam a oferecer-se a si mesmo, ao oferecer juntamente com o sacerdote, e não só pelas mãos dele, a hóstia imaculada; que, dia após dia, por Cristo mediador, progridam na unidade com Deus e entre si”. (SCa – Sacramentum Caritatis nº 52).
Vivemos dias em que os fiéis não podem se reunir para participarem ativamente da Eucaristia. Podem somente acompanhar pelos meios de comunicação. Quem participa ativamente da Eucaristia já “sente falta” dela. O que fazer nesta hora? Como vivenciar estes dias? Como manter a comunhão com a Igreja? Como participar ativamente se não posso estar presente? O que é comunhão espiritual?
Está muito presente em nossa tradição “fazer a primeira comunhão”. Não se pode compreender como um ato isolado de aproximar-se, receber e comungar, pela primeira vez, o Corpo de Cristo. A Eucaristia conduz os fiéis à comunhão, tanto que é um dos nomes dados ao sacramento. Mas, o que significa comunhão?
São João Paulo II, de forma resumida, ensina que “o sacramento da Eucaristia exprime esse vínculo de comunhão quer na dimensão invisível que em Cristo, pela ação do Espírito Santo, nos une ao Pai e entre nós, quer na dimensão visível que implica a comunhão com a doutrina dos Apóstolos, os sacramentos e a ordem hierárquica. A relação íntima entre os elementos invisíveis e os elementos visíveis da comunhão eclesial é constitutiva da Igreja como sacramento de salvação”. (EE nº 35).
Em todas as missas, a Igreja recorda aos fiéis o significado da comunhão, através dos Ritos da Comunhão. Os ritos dizem e querem realizar a comunhão plena com Deus e entre as pessoas. Recordemos os ritos: A Oração do Senhor ou Pai Nosso, Rito da Paz, Fração do Pão e a Comunhão.
O que fazer enquanto não podemos sair de casa para participar das celebrações eucarísticas? Acompanhemos virtualmente, além disso, é salutar criar espaços com sinais sagrados em casa. “Sem dúvida, para a plena participação na Eucaristia é preciso também aproximar-se pessoalmente do altar para receber a comunhão; (…) Mesmo quando não for possível abeirar-se da comunhão sacramental, a participação na Santa Missa permanece necessária, válida, significativa e frutuosa; nesse caso, é bom cultivar o desejo da plena união com Cristo, por exemplo, através da prática da comunhão espiritual.” (SCa nº55).
“É conveniente cultivar continuamente na alma o desejo do sacramento da Eucaristia. Daqui nasceu a prática da “comunhão espiritual” em uso na Igreja há séculos, recomendada por santos mestres de vida espiritual. Escrevia santa Teresa de Jesus: “Quando não comungais e não participais na missa comungai espiritualmente, porque é muito vantajoso. (…) Deste modo, imprime-se em vós muito do amor de nosso Senhor”. ( EE nº 34)