O Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) realizou, dia 19 de agosto, a 6ª Conferência da Paz no Brasil. O evento, sediado no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), reuniu líderes religiosos, representantes da sociedade civil, membros dos movimentos populares, estudantes e formadores de opinião. ‘Direitos Humanos e Participação Popular: Por um Limite da Propriedade da Terra’ foi o tema central do encontro.
Abriram a atividade o reverendo Luiz Alberto Barbosa, secretário geral do CONIC; padre Nelito Dornelas, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); Anadete Gonçalves Reis, Cáritas Brasileira e Fábio dos Santos, da Secretaria de Direitos Humanos (SDH).
Em sua fala, reverendo Luiz Alberto fez um retrospecto das Conferências anteriores e lembrou aos presentes sobre a importância de se trazer para a sociedade a temática dos direitos humanos e a questão da desigualdade na distribuição de terra no Brasil. “Que essa Conferência sirva de motivação para que o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra seja um sucesso em todo o país”, disse.
Padre Nelito Dornelas lembrou que é impossível discutir economia sem falar em vida, fazendo alusão ao tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica deste ano. Para ele, é imprescindível que a sociedade se debruce sobre a questão proposta pela 6ª Conferência da Paz. “É preciso que, apoiados nos valores cristãos, apresentemos uma alternativa de vida e de paz, onde todos tenham acesso aos recursos necessários para levar uma vida digna”, afirmou.
Debates
Marcaram presença na primeira mesa de debates, Iradj Eghrari, Comunidade Bahá’í; Mário Benedito de Souza Silva, Conferência Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG); Maria da Graça Amorim, Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF), também representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Daniel Seidel, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP).
O mediador Iradj Eghrari disse que o sistema econômico atual, que preza pela competição, ao invés da colaboração, não coaduna com o princípio maior da natureza, onde todos vivem em harmonia, ajudando-se mutuamente em prol de objetivos comuns. Em sua opinião, tal como no corpo humano, onde todos os órgãos têm uma meta única, que é o bem estar de todo o organismo, é preciso que a sociedade comece a caminhar unida em prol de causas maiores.
Para Daniel Seidel, não há direitos humanos sem a participação popular. “Direitos humanos só se faz com a participação das pessoas, que passam a ser protagonistas de questões como a da terra, que não é propriedade de ninguém, mas de uso coletivo. Essa é uma luta digna, válida, e que deve ser apoiada por todos nós”, explicou.
Segundo o presidente do CONIC, pastor sinodal Carlos Möller, “a terra é de Deus. Se nossa relação com a mesma não for de amor, ela nos dará uma resposta dura por aquilo que não conseguimos realizar. É preciso amar a terra para que ela continue sendo o fundamento dos nossos pés e a base de uma vida cheia de harmonia e paz”, encerrou.