Coordenador Nacional da Pascom, Marcus Tullius, comenta mensagem do Papa Francisco aos comunicadores

A Sala de Imprensa da Santa Sé publicou no sábado, 23 de janeiro, a mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que acontecerá no dia 16 de maio, Solenidade da Ascensão do Senhor, com o tema: “Vem e verás. Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.

O  Dia Mundial das Comunicações de 2021 se baseia na passagem do Evangelho de São João (Jo 1, 46) e o Santo Padre, em sua mensagem, faz um chamado a ‘ir e ver’, como sugestão para toda a expressão comunicativa que queira ser transparente e honesta: “tanto na redação dum jornal como no mundo da web, tanto na pregação comum da Igreja como na comunicação política ou social”.

O coordenador nacional da Pascom Brasil, Marcus Tullius, partilhou suas primeiras impressões de leitura. De acordo com ele, a mensagem deste ano guarda uma profunda ligação com a anterior. “Em 2020, o Papa diz o que é preciso fazer (contar histórias, a recuperação das narrativas) e valoriza a dimensão da escuta. Em 2021, ele diz como fazer (indo ao encontro das pessoas onde estão e como são) e traz o ver”.

Segundo Marcus, a comunicação autêntica, como assinala Francisco no texto, pressupõe saída de si. “Para a vida se fazer história, é preciso “ir e ver”. Não dá para achar que já sabe, se ainda não foi ver. “Ir e ver”, à primeira vista, pode parecer apenas movimento, deslocamento… mas o próprio Papa o coloca como um método e reforça a necessidade de “ir e ver” pela repetição no decorrer de seu texto”, comenta.

Marcus Tullius assinala que duas expressões bastante corriqueiras dão tônica ao texto de Francisco. A primeira é “gastar as solas dos sapatos”:

Francisco chama a atenção para o risco de se produzir informação distante da realidade, uma comunicação “de palácio”, que não gera envolvimento. A velocidade da informação provocada pelas mídias sociais pode levar ao comodismo e às facilidades de receber algo já pronto. Sem sair da bolha não se faz a experiência do encontro. Gastar solas dos sapatos é uma expressão bastante cotidiana, simples, mas rica de sentido. Não é apenas retórica. É expressão da renúncia e do esforço, das vaidades perdidas, do apequenamento para que o outro cresça, da mística de se colocar frente a frente, de estar no mesmo nível.

A segunda, de acordo com ele, é “ir aonde ninguém mais vai”:

Este é o testemunho de coragem e determinação que o Papa Francisco valoriza nos profissionais de comunicação. A humanidade, a sociedade e a democracia seriam empobrecidas, segundo o Papa, se não houvesse essa capacidade do jornalismo de ir aonde ninguém quer ir e mostrar o que precisa ser visto. Não é apenas uma constatação, mas uma chamada de atenção aos comunicadores católicos – a nós, comunicadores católicos – a nos preocuparmos com as causas justas e necessárias e não servirmos apenas a interesses de alguns poucos. Quem não se arrisca a ir e ver, fica apenas na superficialidade e comunicar a partir de suposições. E isso é mais comum do que parece. Pare e reflita quantas vezes você disse “ouvi dizer”, ou “me falaram”.

Marcus também salientou que, como em mensagens anteriores (e também em exortações apostólicas e encíclicas), o pontífice traz iluminação da literatura para a realidade da comunicação. “A citação de Shakespeare, em O Mercador de Veneza, serve para chamar a atenção dos comunicadores cristãos que ficam acomodados no seu lugar e perdem a oportunidade de “irem e verem”, coração a coração. “Ir e ver” é o eficaz método que proporcionou a difusão do Evangelho”, aponta.

O coordenador da Pascom enfatizou, ainda, que Paulo e Agostinho aparecem como exemplo e inspiração para os comunicadores que desejam ir além da eloquência das palavras, das aparências, mas que no acontecimento da vida fazem a profunda experiência do encontro. “Hoje, o desafio é tirar os olhos das telas e olhar nos olhos reais, para encontrar de verdade com as pessoas”, garantiu.

“Agora é hora de mergulhar na mensagem do Papa, ser possuído por ela e lançar-se no “ir e ver”. Talvez precisemos fazer como Diego, da história A função da arte/2, de Eduardo Galeano, que após percorrer quilômetros com o pai para o conhecer o mar, ficou mudo diante da sua imensidão e quando conseguiu falar, só foi capaz de pedir: “Me ajuda a olhar!” , finaliza Marcus.

 

Confira, aqui, a mensagem do Papa na íntegra.

Tags: