Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

O problema está aí, tornou-se uma pandemia e trouxe uma preocupação generalizada sobre a saúde. Conforme as redes sociais é questão de vida ou morte. Nas motivações do tempo da Quaresma, as reflexões falam da passagem da morte para a vida, contemplando o fato da ressurreição de Jesus Cristo. Em ambos os casos, fazemos um itinerário de cuidados para que a vida vença a morte.

Enfrentar uma realidade dessa não significa perder o sentido real da vida. É normal o medo da morte, talvez até caracterizada pela dor e pelo sofrimento, porque ela deixa transparecer um clima de mistério e com muitas interrogações. Mas as pessoas devem ser conduzidas e fortalecidas pela marca segura da esperança, aquela ancorada na fé em Deus, que não decepciona ninguém.

A pessoa humana tem muitas atitudes de imperfeição. Nas palavras de São Paulo, imperfeições vindas da carne (Rm 8,8), que contrapõem àquelas que procedem do Espírito, e agradam a Deus. As mortes, como consequência do Covid-19, atingem a vulnerabilidade da carne, mas não conseguem impedir a existência da vida divina. Caminhamos para a Páscoa, quando Cristo promete a ressurreição.

A morte natural é preocupante, mas morte provocada por pandemia assusta muito as pessoas e causa desespero. O Evangelho cita a morte de Lázaro, deixando em suas irmãs, Marta e Maria, um clima de profundo desespero e sofrimento. Mas Jesus as conforta fazendo nascer daquele ambiente a vida, ressuscitando Lázaro (Jo 11). No clima reinante todos devem encontrar conforto no Senhor.

Os ambientes de hoje respiram perigo, porque o vírus é de fácil propagação. O remédio mais eficiente é sim o distanciamento entre as pessoas, evitando contaminação em cadeia. Ficar longe um do outro, dentro deste contexto, significa solidariedade. Mas é uma realidade que passa com o tempo, depende de cuidado e confiança nas formas de defesa, usando de caridade uns com os outros.

Não pode ser descartada a realidade de milhares de mortes que acontecem diuturnamente no país, mesmo sem a presença de pandemia. A grande maioria das pessoas morre por questões de fragilidade e impossibilidade de buscar tratamento sério. Mesmo com a presença do SUS em todo o Brasil, a assistência digna para o povo pobre continua deficitária, carente de uma política mais pertinente.

 

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