Os próprios opositores de Jesus reconheceram. ‘Mestre, sabemos que és verdadeiro… Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências’ (Mt 22, 16). Buscar a verdade exige de nós saber avaliar o ser e a conduta das pessoas pela sua caminhada com o bem praticado. Palavras podem não revelar tudo. O próprio Jesus admoesta que se conhece a árvore pelos frutos.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem norteado a população sobre a política para uma participação popular democrática, em que se escolhem pessoas para servirem a sociedade com valores éticos e de promoção da justiça social. Isto vale não só para as eleições deste ano. Lembram os bispos a necessidade dos eleitos realizarem o bom serviço, construindo um mandato participativo e que resolva as necessidades do povo, respeitando os valores da vida, do meio ambiente e da dignidade da pessoa humana, com postura e grandeza de caráter.
‘Urge criar, no âmbito municipal, estruturas que consolidem uma autêntica convivência humana… No município, a política pode atender às necessidades concretas da população: saúde, educação, segurança, transporte, moradia, saneamento básico e outras’ – CNBB. O texto dos líderes da Igreja lembra a necessidade de superação da cultura da corrupção, que ‘perpassa as malhas da nossa história política. A corrupção pessoal e estrutural convive com o atual sistema político brasileiro e vem associada à estrutura econômica que acentua e legitima as desigualdades’ – CNBB.
Por isso, nas eleições, devemos exercer pedagogicamente nosso espírito de discernimento para analisarmos se colaboramos com a melhor escolha possível de quem possa ter atribuições morais e propostas que mais venham estar de acordo com o serviço ético e promotor do bem comum. A nova lei contra a corrupção eleitoral, com a participação do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE), composta por quase 40 entidades – CNBB, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e outras -, pretendida para melhorar a já em vigor, Lei 9.840, acrescentará mais rigor no encaminhamento da boa política.
Por isso, estamos promovendo, com essas entidades, a coleta de assinaturas para melhorarmos ainda mais o pleito eleitoral para o futuro, impedindo a candidatura de condenados em primeira instância por crimes graves e de quem renuncia o mandato para não ser cassado. Não há maior valor agregado às eleições do que sermos pessoas conscientes do voto cidadão, para contribuirmos com a boa política. Base para tanto é darmos o voto responsável para quem sabemos ser quem tem melhores condições de desenvolver um projeto de real serviço à sociedade, não nos deixando levar por interesses que contrariem nossa colaboração com o benefício da população.
Abster-se, anular o voto ou votar em branco não contribuem positivamente com a eleição. Por outro lado, súplicas devemos fazer a Deus para que todos dêem o seu voto correto e em base ao conhecimento da verdade dos candidatos, onde há o segundo turno. Seja eleito quem vai melhor servir bem o povo, com ética, dinamismo e respeito aos anseios e às necessidades da sociedade.
Nossa fé em Deus nos ajuda a colaborar com a promoção da vida, da família, da educação, da saúde, da segurança e do meio ambiente. Damos a César o que é de César, mas por causa do Criador (conferir em Mt 22, 21), que nos indica a missão de fazer da terra um convívio realmente humano, justo e fraterno.