Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

 

Caros diocesanos. Outubro é considerado pela Igreja como o mês das missões. O Papa Francisco, em sua mensagem anual, escolheu um tema que se inspira na história dos discípulos de Emaús (cf. 24,13-35): “Corações ardentes, pés a caminho”, que é também o lema do Ano Vocacional no Brasil. O citado Evangelho, segundo Lucas, narra o retorno de Jerusalém dos discípulos confusos e desiludidos com o que lá acontecera, pois não se realizara a esperança de seu messianismo triunfalista, mas a morte de Jesus, numa cruz. Contudo, o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido reacendeu neles o entusiasmo para pôr os pés a caminho de Jerusalém, a fim de anunciar a Ressurreição do Senhor. Segundo o Papa Francisco, o evangelista usa três imagens importantes no texto e que se tornam o itinerário dos discípulos missionários de todos os tempos: corações ardentes pela Palavra ouvida, olhos abertos para reconhecer o Senhor e colocar os pés a caminho.  

Primeira imagem: Jesus aproximou-se e caminhou com eles. Seus corações ardiam, enquanto Jesus explicava as Escrituras. Na sua grande misericórdia, o Senhor toma a iniciativa de estar com os discípulos. Ele nunca se cansa de estar conosco, apesar dos nossos defeitos, dúvidas, fraquezas e de sermos pessoas de pouca fé. O Senhor é maior do que nossos problemas, mesmo quando os encontramos ao anunciar o Evangelho ao mundo, porque esta missão é d’Ele e nós somos simplesmente os seus humildes colaboradores (cf. Lc 17,10). Jesus mesmo é a Palavra viva, a única que pode fazer arder, iluminar e transformar o coração. O Papa se dirige aos missionários, dizendo: “Caríssimos, o Senhor ressuscitado está sempre convosco e vê a vossa generosidade e os vossos sacrifícios em prol da missão evangelizadora… Deixemo-nos sempre acompanhar pelo Senhor ressuscitado que nos explica o sentido das Escrituras. Deixemos que Ele faça arder o nosso coração, nos ilumine e transforme, para podermos anunciar ao mundo o seu mistério de salvação com a força e a sabedoria que vêm do seu Espírito”. 

Segunda imagem: Os olhos se abriram e o reconheceram ao partir o pão (cf. Lc 24,30-31). Jesus, presente na eucaristia, é ápice e fonte da missão. Ao redor da mesa da eucaristia, quando Ele partiu o pão, os olhos dos discípulos se abriram e o reconheceram. Mas Ele desapareceu da sua presença (cf. Lc 24,31). Afirma o Papa Francisco: “Este fato faz compreender uma realidade essencial da nossa fé: Cristo, que parte o pão, torna-se agora o Pão partido, partilhado com os discípulos e depois consumido por eles. Tornou-se invisível, porque agora entrou dentro do coração dos discípulos para fazê-los arder ainda mais, impelindo-os a retomar sem demora o seu caminho para comunicar a todos a experiência única do encontro com o Ressuscitado! Em consequência, cada discípulo missionário é chamado a tornar-se como Jesus, aquele-que-parte-o-pão e aquele-que-é-pão-partido para o mundo. Esta é a ação missionária por excelência, porque a Eucaristia é fonte e ápice da vida e missão da Igreja. Como afirma Bento XVI: “A Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária” (Sacramentum Caritatis 84). E para permanecermos unidos ao Senhor e darmos abundantes frutos missionários, nós precisamos da oração cotidiana, particularmente da adoração. Que o nosso coração anele sempre pela companhia de Jesus, suspirando conforme o ardente pedido dos dois discípulos de Emaús, sobretudo ao entardecer, quando afirmam: “Fica conosco, Senhor! (cf. Lc 24,29). 

Terceira imagem: Pés a caminho para proclamar o Cristo Ressuscitado. Esta será nossa próxima mensagem, na semana que vem.  

 

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