Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)

 

 

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES – 02 

Caros diocesanos. Estamos no mês das missões. Já refletimos sobre parte da mensagem do Papa Francisco, que se inspira na história dos discípulos de Emaús (cf. 24,13-35): “Corações ardentes, pés a caminho”, também o lema do atual Ano Vocacional no Brasil. O citado Evangelho narra o retorno de Jerusalém dos discípulos confusos e desiludidos com o que lá acontecera, a morte de Jesus, numa cruz. Contudo, o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido reacendeu neles o entusiasmo para pôr os pés a caminho de Jerusalém, a fim de anunciar a Ressurreição do Senhor aos outros discípulos. Segundo o Papa Francisco, o evangelista usa três imagens importantes no texto e que se tornam o itinerário dos discípulos missionários de todos os tempos: corações ardentes pela Palavra ouvida, olhos abertos para reconhecer o Senhor e colocar os pés a caminho. Já refletimos sobre as duas primeiras imagens; por isso, destacaremos hoje, com ênfase maior, a terceira. 

Primeira imagem: Vimos que Jesus aproximou-se e caminhou com eles. Seus corações ardiam, enquanto Jesus explicava as Escrituras. Na sua grande misericórdia, o Senhor toma a iniciativa de estar com os discípulos. Ele nunca se cansa de estar conosco, apesar dos nossos defeitos, dúvidas, fraquezas e de sermos pessoas de pouca fé. Jesus mesmo é a Palavra viva, a única que pode fazer arder, iluminar e transformar o coração.  

Segunda imagem: Vimos que os olhos se abriram e o reconheceram ao partir o pão (cf. Lc 24,30-31). Jesus presente na eucaristia é ápice e fonte da missão. Ao redor da mesa da eucaristia, quando Ele partiu o pão, os olhos dos discípulos se abriram e o reconheceram. Cada discípulo missionário é chamado a tornar-se como Jesus, aquele-que-parte-o-pão e aquele-que-é-pão-partido para o mundo. Esta é a ação missionária por excelência, porque a eucaristia é fonte e ápice da vida e missão da Igreja.  

Terceira imagem: Pés a caminho, na alegria de proclamar Cristo Ressuscitado. 

A eterna juventude duma Igreja sempre em saída. 

Após o reconhecimento do Senhor, os discípulos voltaram a Jerusalém (cf. Lc 24,33) para partilhar com os outros a alegria do encontro com o Senhor. Como afirma o Papa Francisco: “Não se pode encontrar verdadeiramente Jesus ressuscitado, sem se inflamar no desejo de o contar para todos. … O primeiro e principal recurso da missão são aqueles que reconheceram Cristo ressuscitado, nas Escrituras e na Eucaristia, e que trazem o seu fogo no coração e a sua luz no olhar” (EG 1). A conversão missionária permanece o principal objetivo de toda a obra da Igreja, pois ela existe para evangelizar (cf. EN 14 e EG 15). Todos podem contribuir para este movimento missionário: com a oração e a ação, com ofertas de dinheiro e de sofrimento, com o próprio testemunho. O objetivo essencial do percurso sinodal que a Igreja está a realizar com as palavras-chave “comunhão, participação, missão” é a cooperação missionária em todos os níveis, ou seja, pôr-nos a caminho como os discípulos de Emaús, escutando o Senhor ressuscitado que não cessa de vir juntar-se a nós para nos explicar o sentido das Escrituras e partir o Pão para nós, a fim de podermos levar avante, com a força do Espírito Santo, a sua missão no mundo. Concluímos com as palavras animadoras do Papa Francisco: “Saiamos também nós, iluminados pelo encontro com o Ressuscitado e animados pelo seu Espírito. Saiamos com corações ardentes, olhos abertos, pés a caminho, para fazer arder outros corações com a Palavra de Deus, abrir outros olhos para Jesus Eucaristia, e convidar todos a caminharem juntos pelo caminho da paz e da salvação que Deus, em Cristo, deu à humanidade”. Desejamos a todos/todas um abençoado mês missionário! 

 

 

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