Estou feliz por vos poder receber nesta audiência especial, na vigília da partida para a África, aonde irei para entregar o Instrumentum laboris da segunda Assembleia Especial do Sínodo para a África, que se realizará aqui em Roma no próximo mês de Outubro. Agradeço ao Prefeito da Congregação, Senhor Cardeal Cláudio Hummes, as amáveis expressões com que interpretou os sentimentos de todos, e estou-vos grato pela bonita missiva que me escrevestes. Juntamente com ele, saúdo todos vós, Superiores, Oficiais e Membros da Congregação, com espírito agradecido por todo o trabalho que levais a cabo ao serviço de um sector tão importante da vida da Igreja.
O tema que escolhestes para esta Plenária – “A identidade missionária do presbítero na Igreja, como dimensão intrínseca do exercício dos tria munera” – permite algumas reflexões para o trabalho destes dias e para os frutos abundantes que certamente ele há-de produzir. Se toda a Igreja é missionária, e se cada cristão, em virtude do Batismo e da Confirmação, quasi ex officio (cf. Código de Direito Canônico, cân. 1305) recebe o mandato de professar publicamente a fé, o sacerdócio ministerial, também
deste ponto de vista, distingue-se ontologicamente e não apenas por grau, do sacerdócio batismal, chamado inclusive sacerdócio comum. Com efeito, do primeiro o mandato apostólico é constitutivo: “Ide, pois, pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16, 15). Como sabemos, este mandato não é um simples encargo confiado a colaboradores; as suas raízes são ainda mais profundas e devem ser procuradas muito mais longe.
A dimensão missionária do presbítero nasce da sua configuração sacramental com Cristo Cabeça: ela traz consigo, como consequência, uma adesão cordial e total àquela que a tradição eclesial reconheceu como a apostolica vivendi forma. Ela consiste na participação numa “vida nova”, espiritualmente entendida, naquele “novo estilo de vida” que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e foi feito próprio pelos Apóstolos. Pela imposição das mãos do Bispo e a oração consecratória da Igreja, os candidatos tornam-se homens novos, tornam-se “presbíteros”.
