Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Estimados diocesanos. Dia 15 de novembro passado celebramos a data jubilar dos 60 anos da instalação da Diocese de Santa Cruz do Sul. Continuamos a viver esse clima com espírito de gratidão e de reconciliação. Na mensagem anterior apresentamos parte das sábias palavras de nosso primeiro bispo – Dom Alberto Etges, dirigidas ao clero naquela ocasião. Na mensagem de hoje continuamos a apresentar o que o mesmo Pastor falava ao Povo de Deus e aos Consagrados/as:
“Dirijo-me agora a vós, prezados filhos espirituais em Nosso Senhor, e que providencialmente fostes constituídos o povo da nova diocese. E a primeira coisa que quero dizer-vos é que vos considero, realmente, e quero que vos considereis a vós mesmos, aquele povo eleito, ‘genus electum’, provido daquele sacerdócio real, ‘regale sacerdotium’, que faz de vós a nação santa, ‘gens sancta’, porque um povo conquistado, ‘populus adquisitionis’, com o sangue do sacerdote e da vítima real, que foi Jesus Cristo: ‘Já agora sois o povo de Deus’ (1 Pet. 2,9,10). Em segundo lugar, quero que considereis e tomeis disto plena consciência que, sendo como sois o povo de Deus, sois por igual e por via de consequência, a própria Igreja. Pio XII o disse tão clara e consoladoramente: ‘Os leigos devem ter uma consciência sempre mais clara, não apenas de pertencerem à Igreja, mas de serem Igreja… Eles são a Igreja’ (cf. Alocução de 18/02/1946). Isto deve despertar em vós esta outra consciência, correlata com as duas anteriores: se sois o povo de Deus; se sois a Igreja, então sem a vossa ação como povo de Deus, o fermento da vida de Deus pela graça não pode atuar convenientemente nas almas. É ainda Pio XII que o diz, na mesma ocasião: ‘sob este aspecto, os fiéis e, mais precisamente, os leigos, se acham nas primeiras linhas da vida da Igreja: por eles, a Igreja é o princípio vital da sociedade humana’. (Ibidem). Vede, pois, prezadíssimos, a que grau de dignidade estais elevados no plano de Deus; isto, torno a repetir, porque sois a Igreja, isto é, ‘a comunidade dos fiéis na terra sob a conduta de um chefe comum, o papa, e os bispos em comunhão com ele’ (Ibidem). A formação desta comunidade será o nosso grande objetivo: a constituição de sua riqueza interna, pela graça, e a manifestação de sua vida no exterior, pela caridade. É este povo perfeito, agradável a Deus, que todos juntos queremos constituir: parare Domino plebem perfectam!
É esta a hora de mencionar e de saudar, com toda a justiça e toda a gratidão, aquela porção eleita no Corpo da Igreja, que são os religiosos educadores e as irmãs de caridade. Porção eleita, porque escolhidos por Nosso Senhor para a melhor parte – ‘optimam partem elegit’ – consagrando-se à vida de perfeição através dos votos de castidade, de pobreza e de obediência, que constituem a base desse estado de perfeição cristã. Porção eleita, também, porque dentro de sua vocação especial, dedicam-se com abnegação sem limites a duas formas de apostolado principais, tão do agrado de Deus e dos homens: a formação cristã da juventude e o cuidado pelos enfermos e desvalidos. Integrados na vida das paróquias, ligados ao povo cristão por laços tão multiformes de serviço e de caridade, formam os religiosos nas suas comunidades os viveiros prediletos, na diocese, das virtudes cristãs, e da vida sobrenatural, numa consagração de todo o seu ser e querer a Deus e, simultaneamente, numa consagração total de si mesmos ao serviço do próximo, por amor de Deus.
Constituídos, assim, na grande família de Deus; formando um só corpo e animados do mesmo espírito: bispo, padres, religiosos, fiéis, podemos empreender, confiantes a promissora jornada da nova diocese”.