Dom Cipollini partilha papel da Comissão para a Doutrina da Fé

O bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Pedro Carlos Cipollini, partilhou o documento apresentado à 57ª Assembleia Geral da entidade, com o qual aprestou o papel da comissão e os desafios que hoje são colocados aos bispos.

Dom Cipollini fez um resgate histórico do pedido da Santa Sé para que as conferências episcopais contassem com uma comissão dedicada a tratar as questões doutrinárias. Também ressaltou o serviço pastoral ao qual a comissão está voltada, a partir do “serviço à verdade […] não somente interessado nas ideias, mas numa incidência eficaz naquilo que o povo cristão crê, espera, deseja e ama”.

O bispo também indicou alguns dos propósitos da Comissão para a Doutrina da Fé:

“Assistir a CNBB no exercício do Magistério Doutrinal; Promover a fidelidade à Doutrina da Igreja e a integridade na sua transmissão; Emitir parecer sobre publicações que exigem esclarecimento a respeito da sua concordância com a fé; Avaliar, do ponto de vista doutrinal, os textos das Comissões e Grupos de trabalho da CNBB destinados à publicação; Promover a publicação de temas de interesse eclesial, etc. Enfim, cuidar da unidade, integridade na transmissão da fé”.

Na sequência do texto, dom Cipollini convida à reflexão sobre as várias dimensões da fé e também chama atenção para “sete tendências que atrapalham a vivência da fé na sua unidade e integralidade”, o que exige vigilância da parte dos bispos, segundo o presidente da Comissão para a Doutrina da Fé:

  1. Ateísmo e secularismo;
  2. Antropocentrismo exagerado que leva ao relativismo;
  3. Diminuição da abordagem sobre o pecado;
  4. Tentação de separar a “lex credendi da lex orandi e da lex agendi” (lei da crença da lei da oração e da lei da ação);
  5. A fé permeada apenas pelo emocional-afetivo e o folclórico;
  6. Teologia tentada a limitar-se a ser Ciência da Religião;
  7. Confiança excessiva na ação humana;

Continuando sua reflexão, dom Cipollini recorda a fala do Papa Francisco aos bispos no Rio de Janeiro, em 2013, quando chamou atenção para o clericalismo, o qual “sufoca a maturidade dos leigos na fé”. Disse o Papa: “O clericalismo reprimiu a maturação laical na América Latina”. “Isto dificulta a transmissão da fé, a missionariedade de toda a Igreja. Caracteriza-se aí a crise generativa, a dificuldade de transmitir a fé às novas gerações, algo que representa um grande desafio na atualidade”, pontuou.

O chamado aos bispos do Brasil, é para “empreender uma nova evangelização, com novos métodos e nova linguagem, porém sem mudar o conteúdo do depósito da fé. Toda nossa vida cristã é confiada ‘à regra de doutrina’ (Rm 6,17), daí a importância da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé no conjunto da missão e dos trabalhos da Conferência Episcopal”.

Para dom Cipollini, a Comissão de Doutrina deve agir com uma atitude positiva exercendo sua influência ao expor corretamente a sã doutrina mostrando a todos a beleza e a alegria de crer. “Para isso torna-se necessário que os bispos enviem sugestões à Comissão e digam o que esperam dela na prática, a partir dos objetivos propostos que aprovamos nesta 57ª Assembleia”, indicou.

Ao final de sua exposição, dom Cipollini agradeceu aos bispos que o acompanharam no trabalho da comissão nos últimos quatro anos – dom João Santos Cardoso, bispo de Bom Jesus da Lapa (BA); dom Waldemar Passini Dalbello, bispo de Luziânia (GO); dom Marcos Marian Piatek, bispo de Coari (AM); e dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS) -, ao assessor, monsenhor Antonio Luiz Catelan, e ao grupo de peritos.

O texto na íntegra pode ser conferido aqui.

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