Dom Jaime Vieira vai a Roma para tratar de canonização dos protomártires do Brasil

Arcebispo de Natal encontrou-se com papa Francisco para tratar do processo dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu

O arcebispo de Natal (RN), dom Jaime Vieira Rocha, esteve no Vaticano para tratar do andamento do processo de canonização dos Mártires de Cunhaú (RN) e Uruaçu (RN). Na última semana, dom Jaime, teve uma audiência com o prefeito para a Congregação da Causa dos Santos, cardeal Ângelo Amato. Também participaram do encontro, o postulador da Causa de Canonização dos Mártires, frei Giovanni Califano, e o representante do processo de canonização, na arquidiocese de Natal, padre Júlio César Cavalcante. O papa Francisco recebeu o prelado na quinta, dia 15, juntamente com o arcebispo emérito de São Paulo (SP), cardeal Cláudio Hummes.

“Vemos o interesse do papa em levar à diante essa causa porque se trata de mártires autóctones, os primeiros mártires do Brasil”, disse dom Jaime Vieira Rocha ao chegar à capital do Rio Grande do Norte. Os Bem-aventurados padre Ambrósio Francisco Ferro, padre André de Soveral, Mateus Moreira e companheiros mártires são os chamados protomártires do Brasil e padroeiros do estado nordestino.

Em agosto de 2015, dom Jaime recebeu um telefonema do cardeal Hummes, informando que havia conversado com o papa sobre a possibilidade da canonização dos mártires potiguares. Em entrevista à Rádio Vaticano, na sexta-feira passada, o cardeal falou sobre como surgiu a intenção da canonização dos protomártires nativos do Brasil. “Levantei esta causa tempo atrás com o Papa Francisco, lembrando que ele havia canonizado outros beatos históricos antigos e que não há mais muita documentação a ser levantada. Ele já canonizou o beato Anchieta, o padre Fabro, um dos fundadores da Companhia de Jesus”, relatou.

Dom Cláudio Hummes também contou que em uma audiência que teve com o papa recordou dos mártires brasileiros e quis apresentar a questão da canonização ao pontífice. “Ele reagiu muito positivamente e me disse para conversar com o cardeal Amato, com o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e com o arcebispo de Natal. Foi o que eu fiz”, disse o arcebispo emérito de São Paulo.

Durante a 54ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em abril deste ano, em Aparecida (SP), dom Jaime Vieira Rocha, expôs sobre processo de canonização dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, cidades da arquidiocese de Natal. O arcebispo apresentou a história dos beatos e solicitou que fosse aprovada uma moção a ser enviada à Congregação para a Causa dos Santos com o parecer favorável à canonização em nome dos bispos e prelados brasileiros.

“A beatificação dos mártires de Cunhau e Uruaçu ofereceu ao povo nordestino e especialmente aos potiguares a oportunidade de venerar e ter como modelo no seguimento a Jesus Cristo, especialmente no amor à Santíssima Eucaristia, irmãos e irmãs que, banhando nosso chão com o seu sangue, fortaleceram a Igreja que está neste rincão do Brasil”, disse dom Jaime.

Próximos passos

Na sua chegada à Natal, dom Jaime Vieira informou que, agora, a arquidiocese precisa cumprir algumas providências, referentes ao andamento do processo de canonização dos Bem-aventurados padre Ambrósio Francisco Ferro, padre André de Soveral, Mateus Moreira e companheiros mártires. Entre elas, está a difusão da devoção aos mártires.

No mês que vem, o postulador da causa, frei Giovanni Califano, deve entregar o relatório final do processo de canonização ao prefeito da Congregação da Causa dos Santos, cardeal Ângelo Amato. A partir da daí o processo será avaliado por uma comissão de cardeais e teólogos da Congregação para, em seguida, ser encaminhada ao papa.

Martírio de Cunhaú

No dia 16 de julho de 1645, os holandeses que ocupavam o Nordeste do Brasil, chegaram a Cunhaú, onde residiam vários colonos ao redor do engenho, ocupados no plantio da cana-de-açúcar. Era um domingo. Na hora da missa, 69 pessoas se reuniram na capela de Nossa Senhora das Candeias. A capela foi cercada e invadida por soldados calvinistas e índios que trucidaram a todos que aí estavam, inclusive o pároco, padre André de Soveral que celebrava a missa. Não opuseram resistência aos agressores e entregaram piedosamente suas almas a Deus.

Martírio de Uruaçu

Após o acontecimento de Cunhaú, muitos moradores de Natal pediram asilo no Forte dos Reis Magos ou se refugiaram em abrigos improvisados. No dia 3 de outubro, foram levados para as margens do Rio Uruaçu, onde os aguardavam índios e soldados holandeses armados. Eram cerca de 80 pessoas. Os holandeses, de religião calvinista, trouxeram um pastor protestante para demovê-los de sua fé católica. Todos resistiram a esta tentativa e foram barbaramente sacrificados. Entre eles estava Mateus Moreira que, ao lhe ser arrancado o coração pelas costas, morreu exclamando “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”.

Entre os mártires, há dois sacerdotes. Vinte e sete são brasileiros natos, um português, um espanhol e um francês. Padre André de Soveral, padre Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e outros vinte e sete companheiros foram beatificados por são João Paulo II, em 5 de março de 2000.

Protomártires

O nome de protomártires foi dado na ocasião da visita do papa João Paulo II, em 13 de outubro de 1991, na missa de encerramento do XII Congresso Eucarístico, ocorrido em Natal.

Com informações da arquidiocese de Natal (RN) e foto do L’Osservattore Romano

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