A primeira missa, em solo brasileiro, em homenagem à Irmã Dulce, pós-canonização, já tem um cenário certo. Será no Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), graças a um convênio firmado, no último dia 19 de julho, pelo arcebispo de Salvador (BA) e Primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, pela superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), Maria Rita Pontes e o presidente do estádio, Dênio Sidreira. Também assinaram o convênio, o secretário do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Davidson de Magalhães; o secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco e o presidente da Associação Comercial da Bahia, Mário Dantas.
A Celebração Eucarística que reunirá milhares de fiéis acontecerá oito dias após o Anjo Bom da Bahia ser elevada, no Vaticano, à honra dos altares, portanto, no dia 20 de outubro, às 16h, na Arena Fonte Nova, em Salvador. Além desta novidade, o arcebispo primaz do Brasil, dom Murilo Krieger, falou ao Portal da CNBB sobre o processo de preparação e o impulso que a canonização da Irmã Dulce dará à dimensão da caridade, um dos quatro pilares das Novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. “Nesse sentido, Irmã Dulce tem muito a nos ensinar: mais do que nos deixar uma reflexão sobre a importância do amor aos mais necessitados, nos deixou um exemplo concreto, pois foi ao encontro de quem sofre e os socorreu”, disse. Veja a íntegra da entrevista com dom Murilo.
Como o senhor, como pastor da Arquidiocese de São Salvador, está conduzindo esta preparação?
Dom Murilo – Quando foi anunciada a data da canonização, foi montada a Equipe da Canonização de Irmã Dulce, que já está cuidando de tudo o que diz respeito à canonização. Como Arcebispo estou à frente dessa Equipe, mas minha função não é a de coordená-la, mas de tomar as decisões finais, junto com Maria Rita Pontes, sobrinha de Irmã Dulce, que é Superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce. É uma alegria imensa assumir tão grande desafio e responsabilidade, pois a canonização de Irmã Dulce é o reconhecimento oficial de que Salvador, a Bahia e o Brasil tiveram em seu meio uma pessoa extraordinária. Irmã Dulce é uma testemunha viva do que uma pessoa pode fazer, quando se entrega totalmente a Deus, procura servi-lo e, por causa dele, debruça-se sobre pobres e necessitados.
Quais expectativas para a celebração em Salvador, no dia 20 de outubro?
Todos gostariam de estar no Vaticano no dia 13 de outubro; não podendo ir lá, gostariam de estar na Arena Fonte Nova, no dia 20 de outubro. Mas também ali os lugares serão limitados (54 mil, pois também o gramado, adequadamente coberto, será usado). Graças a Deus, mais de um canal de televisão já manifestou o desejo de transmitir a celebração do dia 20, o que possibilitará aos que quiserem rezar com aqueles que estarão na Fonte Nova. Dividiremos o ingressos para esse evento entre as paróquias, pastorais, movimentos e irmandades da Arquidiocese; também entre as dioceses da Bahia e de outros estados, desde que solicitados. Enfim, queremos manifestar a Deus nossa gratidão por esse presente que Ele está nos dando. Claro, fica para nós o compromisso de olharmos ao nosso redor, para ver os necessitados e, como Irmã Dulce, nos debruçar sobre eles.
Em que medida a canonização de Irmã Dulce pode fortalecer o pilar da Caridade na Igreja no Brasil?
A caridade é fundamental na vida cristã; sem ela, nada sobra do cristianismo. Sem a caridade, nem a oração será autêntica. A caridade parte de uma contemplação do mundo com os olhos de Deus; essa contemplação leva o cristão a escutar o grito que nasce das várias faces da pobreza. Com essa convicção, os Bispos do Brasil, nas Diretrizes que norteiam atualmente a vida da Igreja, lembram que Jesus sempre se mostrou cheio de misericórdia pelos pequenos e pobres, pelos doentes e pecadores, colocando-se ao lado dos perseguidos e marginalizados. Irmã Dulce, nesse sentido, tem muito a nos ensinar: mais do que nos deixar uma reflexão sobre a importância do amor aos mais necessitados, nos deixou um exemplo concreto, pois foi ao encontro de quem sofre e os socorreu. Mais: procurou se multiplicar, motivando outros a fazer o mesmo. É que, no rosto dos necessitados, ela via o rosto de Cristo. Somos chamados a fazer o mesmo.