Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
Quando alguém toma uma decisão, seja para o que for, vai encontrar implicações, ou situações, que deverão ser superadas, para atingir os objetivos pretendidos. Na vida cristã não é diferente, muito mais quando fazemos escolhas que exigem doação, empenho e muita determinação. Foi o que aconteceu com Jesus Cristo e com todos os que fizeram opção por segui-lo dentro das exigências do Evangelho.
A palavra seguimento envolve duas situações fundamentais: de um lado, ouvir determinado chamado e, de outro, a resposta de vida dada pela pessoa. Não são apenas palavras, mas a realização concreta dos objetivos a alcançar. Esta é uma dinâmica presente na vida de todas as pessoas e, quando assumida com responsabilidade, possibilita uma situação de plena realização e felicidade.
Todo seguimento apreendido tem as suas implicações, as dificuldades e as consequências, como proclama o ditado popular, “pedras no sapato, ou no caminho” a percorrer. A pessoa necessita estar totalmente atenta às exigências advindas, com disponibilidade, consciência convicta e muita serenidade. Ao realizar qualquer opção, a confiança em si mesmo e na ajuda do outro deve ser inabalável.
A vida cristã tem identidade de seguimento, de proximidade e compromisso com Deus. O caminho é muito exigente, marcando o contraponto entre as realidades temporais e as eternas. É por isto que falamos de implicações, empecilhos e contratempos na história. Na verdade, os sofrimentos não podem abafar e impedir a realização das opções, mas eles misturam-se com as alegrias.
Não é suficiente a fé para o seguimento de Jesus Cristo. Ela precisa ter o respaldo das obras porque, no dizer de Tiago, “a fé se não se traduz em ações, por si só está morta” (Tg 2,17). São as obras as implicações da fé, o exercício dos compromissos assumidos com Deus em quem se acredita. Podemos dizer que a fé sem obras não passa de realidade teórica e sem frutos para a vida da pessoa.
As implicações do seguimento não podem nunca impedir a realização plena do Projeto de libertação próprio do Reino de Deus. Projeto esse que passa pelo caminho da cruz, pelo enfrentamento das dificuldades cotidianas, que significa ter capacidade para viver o verdadeiro amor. É uma realidade que supõe coragem a ponto de dar a vida pelos mais necessitados, como o fez Jesus.