Dom Manoel Delson
Arcebispo Metropolitano da Paraíba (PB)
Cristo ressuscitou! Aleluia! Sim, verdadeiramente ressuscitou! Aleluia! E por isso devemos “gritar” a todos essa eterna novidade cristã, a novidade de que a morte não pôde deter o Senhor da Vida. Jesus, Ressuscitado, não pôde mais descansar na pedra do sepulcro, o Amor Incontido venceu! A alegria contagiante da Páscoa do Senhor é também a alegria da Igreja reunida na mesma fé. Na verdade, Deus morreu na carne do Seu Filho. Jesus fez passagem da morte para a vida, para que todos nós fizéssemos a travessia da nossa Páscoa. A Páscoa de Jesus se confunde com as nossas “páscoas”.
Para celebrar com propriedade a Páscoa do Senhor devemos fazer memória do evento histórico que o Povo de Israel fez: o da travessia pelo Mar Vermelho (Ex 14). E mais: trazer para nossos lábios o mesmo canto que Moisés e o povo libertado entoaram depois da referida travessia. Israel encontrava-se liberto da escravidão e, por isso, entoa o cântico novo, canta o “Aleluia” de quem se sente redimido, salvo. Na Vigília Pascal também cantamos o mesmo canto novo do Povo de Israel. Mas o que esse canto tem a ver conosco? A imagem do mar na Bíblia é sempre a imagem do mal que se afronta aos cristãos, à Igreja.
Humanamente falando, o Povo que atravessou o Mar Vermelho deveria ter sucumbido desastrosamente nas grandes águas desse mar, mas não afundou. O Corpo de Cristo, isto é, a Igreja, aparentemente parece afundar sobre o mar da história. A Igreja tem a missão de caminhar pelo meio daquele mar, não pode assumir para Si um caminho mais fácil ou sem sofrimentos. E o que sustentará a Igreja na longa travessia pascal na história dos homens? Os fiéis cristãos, pela força do Batismo, também são chamados a entoar o canto novo dos remidos e, por causa disso, sabemos que podemos prender-nos à mão salvadora do Senhor, que sustenta a Igreja por cima das tenebrosas águas dos altos e baixos da história.
Somos tomados pela convicção de que, desde a Ressurreição de Jesus, o amor é mais forte que a morte e o pecado; existe no testemunho pascal dos cristãos uma força gravitacional de amor, que puxa sempre para a vida, para o céu, e nos puxa sempre a partir do chão da nossa história. Celebrar a Páscoa de Jesus é celebrar a vitória dos valores do Evangelho sobre a cultura de morte, que insistentemente quer matar a vida e a família. Desejo a todos uma Santa Páscoa, cheia da verdadeira alegria e do amor que jamais desiste.