No recente mês de novembro passado, realizamos em Brasília um Encontro Interreligioso entre identidades representativas do Candomblé e da Igreja Católica, como busca de um conhecimento mútuo em prol de causas e agendas comuns ao diálogo. Este teve por finalidade iniciar uma atitude dialogal, respeitosa, de entendimento entre pessoas de Religiões de Matriz Africana Ancestral com a de Matriz Ocidental Cristã Católica, dentro do contexto Afro-brasileiro. Num espírito de fraternidade e abertura, conseguimos atingir o nosso objetivo de Encontro, nesta primeira apresentação, esperando uma maior representação no próximo.
Vivemos hoje um momento de muitos conflitos e oposições quase frontais de ideologias propondo mudanças pelo mundo afora, e em conseqüência disso, o Brasil, as relações religiosas da Igreja Católica, não estão ausentes a tal situação. Temos muitos assuntos em debate no cenário nacional que nos toca de perto, a começar pela própria lei 10.639/03 e 11.645/08, que implica uma postura de afirmação das identidades afro-brasileiras.
Esta necessidade de afirmação de identidade não é tão nova, mas vem sendo buscada a séculos, no Brasil. Passa ser, atualmente, uma via legal construída por outras lutas anteriores, que ‘nunca antes na história’1 foi implementada na prática. Com o advento da República, as Religiões de Matriz Africana sofrem o impacto da modificação na estrutura demográfica, bem como novas estratificações sociais […] uma vez que o negro seja camponês, artesão, proletário constitua uma espécie de subproletariado, sua religião se apresentará diversamente ou exprimirá posições diversas, condições de vida e quadros sociais não identificáveis. (BASTIDE, 1989, p. 31).
