Salvador sedia encontro de bispos e agentes da Pastoral Afroamericana e Caribenha

Terminou na tarde de quinta feira, 19, em Salvador (BA), o encontro dos bispos e agentes de pastoral responsáveis pela Pastoral Afroamericana e caribenha. Participaram representantes das Conferências Episcopais da Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Haiti, México, Panamá e Venezuela.

Durante o encontro os participantes partilharam as experiências de trabalho pastoral em seus respectivos países. Em seguida foi feita a partilha dos desafios que se apresentam aos afroamericanos e os possíveis encaminhamentos na perspectiva da ação evangelizadora sintonizada com a realidade apresentada.

“Objetivando compreender a história da Pastoral Afro no Continente, foi feito um resgate histórico das Conferências do Episcopado Latino-americano e Caribenho e dos Encontros de Pastoral Afroamericana (EPAs), destacando-se os principais elementos de fundamentação da ação evangelizadora inculturada”, afirmou um dos participantes do evento e assessor da Pastoral Afro-brasileira da CNBB, padre Ari Antônio dos Reis.

A partir do estudo do Documento de Aparecida, feito na manhã de quarta feira, 18, o grupo de 17 participantes procedeu com a revisão das linhas pastorais sugeridas a partir do primeiro encontro dos bispos, realizado no Equador, em 2002.

Ao final do encontro foi lida e aprovada uma mensagem que foi enviada a todas as Conferências Episcopais.

Mensagem do Encontro dos Bispos e Agentes responsáveis da Pastoral Afroamericana

Reunidos na cidade de Salvador-BA, nos dias 16-19 de agosto de 2010, nós Bispos Latinoamericanos (Brasil, Haiti, Panamá, Venezuela, Equador, Colômbia) e Agentes responsáveis pela Pastoral Afroamericana, tivemos a oportunidade de desfrutar de um ambiente de acolhida cristã, oração e escuta da palavra, enriquecido diversidade de expressões culturais  nacionais.

Constatamos através da leitura da realidade que a grande maioria da população Afroamericana continua vivendo em condições de pobreza e exclusão social nos diferentes países, como afirma o Documento de Aparecida: “a história dos Afroamericano tem sido atravessada por uma exclusão social econômica, política e, sobretudo racial onde a identidade étnica é fator de subordinação social” (DAp 96), o que nos desafia na ação eclesial mais efetiva visando a superação destas realidades que implicam em uma vida de privações e dificuldades.

A luta pela inclusão social e a superação do racismo que atinge os afro americanos está no horizonte missionário da Igreja, pois “A missão evangelizadora da Igreja abraça com o amor de Deus a todos e especialmente os pobres que sofrem. Por isso não pode separar-se da solidariedade com os necessitados e da promoção humana integral… Os pobres são os destinatários privilegiadas do evangelho e um bispo, modelado segundo a imagem do Bom Pastor, deve estar particularmente atento em oferecer o divino balsamo da fé sem descuidar do pão material” (DAp 550).

Partilhamos com alegria as diferentes iniciativas de revitalização da cultura de origem africana na América Latina e no Caribe, processo reconhecido e apoiado pela Conferência de Aparecida que reconhece nos Afro americanos a riqueza trazida para o continente manifesta na expressividade corporal, enraizamento familiar e sentido de Deus (Cf. DAp 56).

Reafirmamos que a Pastoral Afroamericana é uma opção da Igreja Latinoamericana e Caribenha, que tem sido assumida pelo magistério e expressa em as diferentes Conferências Gerais. Não é uma mera expressão emotiva, nostálgica e folclórica; nem um caminho eclesial isolado e paralelo, nem um movimento reivindicativo, nem uma utopia política ou uma expressão do racismo ou sectarismo á inversa, se não, na Igreja  um espaço  de comunhão, inculturação e participação e na sociedade, um espaço de mutua estima, reconciliação e solidariedade.

Iluminados pelas Conferências de Santo Domingo e pela trajetória eclesial dos Afroamericanos na América Latina e no Caribe, expressadas nos Encontros de Pastoral afro americana (EPAS), projetamos o futuro através das linhas pastorais, elaboradas a partir do primeiro encontro dos Bispos, realizado em Quito, Equador em setembro 2002,  que  foram revisadas e atualizadas  neste encontro à luz da Conferencia de Aparecida.

Reiteramos o nosso compromisso de caminhar em comunhão com as decisões pastorais do Episcopado Latino americano aprofundando a opção pela pastoral de conjunto e a missão continental,  plasmadas pela necessária conversão pastoral, desafio de toda a Igreja.

Sob a proteção de Nossa Senhora de Guadalupe e guiados pelo Cristo bom Pastor rogamos as bênçãos e Deus as Igrejas particulares presentes na América Latina e Caribe.

Bispos e Agentes de Pastoral Afroamericana presentes no encontro!

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