Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
Caros diocesanos. Ao celebrarmos o Dia dos Avós, pela passagem da festa de São Joaquim e Santa Ana, avós de Jesus, queremos saudar as pessoas idosas e manifestar particular estima por elas. O presente momento da história caracteriza-se por valorizar muito a estética do corpo humano e tem-se a ousadia de definir as características de uma pessoa “modelo”, causando talvez complexos ou constrangimentos prejudiciais para não poucos homens e mulheres, que são considerados “fora do padrão”. Dentro desta forma de valorizar as pessoas se privilegia os/as jovens, e facilmente os idosos ficam no esquecimento, pois sua beleza física teria passado e também porque não estão mais na fase de produzir, de render em alta escala. Estas são realidades típicas de uma época que valoriza a pessoa humana pelas aparências, pela sua eficiência de produção ou ainda pelo seu status social. Os valores da vida e da dignidade humana, como ponto de referência e critério nos centros de decisão e análise, parecem não mais ter prioridade.
A vida humana merece dignidade e respeito plenos em todas as etapas, desde sua concepção até seu término natural. Na visão cristã, a vida humana foi, sobretudo, dignificada pelo próprio Deus, ao se tornar como um de nós na pessoa de Jesus Cristo. Ele assumiu nossa condição humana para que a mesma tivesse acesso e comunhão com o divino. Diz Santo Irineu (séc. II): “A glória de Deus é a pessoa humana vivente”, ou seja, glorificamos a Deus quando dignificamos a vida das pessoas.
O respeito e a gratidão aos anciãos devem ser testemunhados, em primeiro lugar, na própria família e a sociedade não pode considerá-los como peso ou carga. Daí a importância de políticas sociais justas e solidárias que se ocupem dos idosos, muitas vezes enfermos ou até abandonados. Por isso são motivo de louvor e alegria todas as iniciativas de acolhida e valorização da pessoa idosa.
Junto com as pessoas idosas, rezamos a Prece do Idoso (Pe Eduardo Dougherty):
“Bem-aventurados aqueles que compreendem meus passos vacilantes e minhas mãos trêmulas.
Bem-aventurados os que levam em conta que meus ouvidos captam as palavras com dificuldade, por isso procuram falar mais alto e pausadamente.
Bem-aventurados os que percebem que meus olhos já estão nublados e minhas reações são lentas.
Bem-aventurados os que desviam o olhar, simulando não terem visto o café por vezes derramado sobre a mesa.
Bem-aventurados os que nunca dizem ‘você já contou isso tantas vezes’. Bem-aventurados os que sabem dirigir a conversa e as recordações às coisas dos tempos passados.
Bem-aventurados os que me ajudam a atravessar a rua e não lamentam o tempo que me dedicaram.
Bem-aventurados os que compreendem quanto me custa encontrar forças para carregar minha cruz.
Bem-aventurados os que amenizam os meus últimos anos sobre a terra.
Bem-aventurados todos aqueles que me dedicam afeto e carinho, fazendo-me, assim, pensar em Deus. Quando entrar na Eternidade, lembrar-me-ei deles, junto ao Senhor. Amém!”