Termina hoje na cidade do México o 6º Encontro Mundial da Família, promovido pelo Pontifício Conselho para a Família, focalizando o tema: Valores humanos e cristãos da família.
Tive oportunidade de participar de outros encontros e vivenciei a satisfação que as famílias puderam experimentar. Como nos precedentes encontros, ali há famílias do mundo inteiro.
A formação dos valores humanos e cristãos da família: vivemos no mundo da globalização onde tudo se vê pelo prisma da economia, do possuir e do conseguir. E quanto mais se tem, mais insatisfeito se está quando não se consegue mais. Basta ver a publicidade do comércio nos meios de comunicação. Lança-se um produto e o que parecia uma conquista, já não será mais, porque logo depois começam outros lançamentos que são apontados como também necessários e atuais.
E a família se encontra nesse mundo globalizado. Perdem-se valores humanos e cristãos dentro da própria família. Como conseqüência, temos a deterioração de muitas famílias, porque são tentadas pelo egoísmo, pelo ter, pelo poder. Qualquer ofensa recebida é tomada gravemente. Já não existem o perdão, a caridade e se acaba na separação e no divórcio.
A solução é a santidade da família. Mas a santidade não é algo que está fora do alcance das pessoas. Santidade consiste na verdade, no perdão, na misericórdia, na justiça, na fraternidade, na solidariedade. Foi o que Jesus disse: Sede santos como meu Pai Celestial.
A família, por ser de natureza divina, cresce e se aperfeiçoa quanto mais se cultivam o diálogo e não o monólogo, o entendimento, a caridade e a paz.
O encontro do México se destina a todas as famílias e não somente às cristãs.
O 6º Encontro Mundial das Famílias teve início na manhã da quarta-feira, 14, com o Congresso Teológico Internacional. A 1ª sessão foi aberta pelo presidente do Pontifício Conselho para a Família, o cardeal Ennio Antonelli, com longa reflexão. Haverá também a participação dos arcebispos da Cidade do México, de Valença, na Espanha; de São Paulo no Brasil; de Santiago do Chile; de Québec, no Canadá; e de Dar-es-Salaam, na Tanzânia.
A segunda sessão do Congresso contou com a conferência do secretário do Pontifício Conselho para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, que falou sobre a família dos emigrantes que tanto sofre as conseqüências mais duras da instabilidade e insegurança.
Os momentos mais aguardados são as celebrações do sábado à tarde e do domingo pela manhã, dia 18, quando milhares de fiéis se reunirão no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe para a recitação do terço e para a solene celebração eucarística dominical, que será presidida pelo secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone, legado pontifício para este VI Encontro Mundial das Famílias, com a mensagem especial do Papa Bento XVI. No domingo, se espera a participação de mais de um milhão de pessoas.
A família estável tem sido questionada de modo particular nos dias de hoje. Falam alguns até de estar ultrapassada por formas de convivência temporária. A forma do divórcio é reconhecida em quase todos os países. A infidelidade conjugal é tolerada muitas vezes e até incentivada.
Na conferência inaugural do Congresso Teológico Pastoral, o Pe. Cantalamessa indicou que não se deve apenas «defender» a idéia cristã de matrimônio e família, mas o mais importante é «a tarefa de redescobri-lo e vivê-lo em plenitude por parte dos cristãos, de maneira que se volte a propô-lo ao mundo com os fatos, mais que com as palavras».
Duas pessoas que se amam – e o caso do homem e da mulher no matrimônio é o mais forte – reproduzem algo do que ocorre na Trindade. Nesta luz se descobre o sentido profundo da mensagem dos profetas acerca do matrimônio humano, o qual é símbolo e reflexo de outro amor, o de Deus por seu povo.
A igual dignidade da mulher e do homem no matrimônio está no próprio coração do projeto originário de Deus e do pensamento de Cristo, mas quase sempre foi descumprido.
Deve-se evitar dirigir tudo para leis do Estado a fim de defender os valores cristãos. Não podemos esperar hoje mudar os costumes com as leis do Estado. Os primeiros cristãos mudaram as leis do Estado com seus costumes de verdadeiros filhos de Deus.