Dirigentes das Igrejas-membro do Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs (Mofic) se reuniram na manhã desta quarta-feira, 25, para refletirem sobre a caminhada do movimento na promoção do diálogo ecumênico. O encontro aconteceu na Casa da Reconciliação, na zona sul da capital paulista. O arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, participou da reunião.
As Igrejas-membro do Mofic são: Apostólica Armênia, Episcopal Anglicana, Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Presbiteriana Unida e Ortodoxa Antioquina. A Igreja Presbiteriana Independente também marcou presença no encontro, além da participação de representantes das diferentes Igrejas-membro e colaboradores do Mofic.
No início do encontro houve um momento de oração em comum. Em seguida, a partir de perguntas propostas, os participantes partilharam como cada Igreja está envolvida no movimento ecumênico, como lidam com os possíveis “preconceitos” religiosos existentes nas comunidades cristãs e quais projetos poderiam ser realizados em conjunto em prol da unidade dos cristãos para os próximos anos.
Praticamente todos os líderes religiosos destacaram que um dos principais desafios existentes é como conscientizar os fiéis sobre a importância ecumenismo, uma vez que na maioria dos casos esse diálogo fica restrito apenas aos líderes das comunidades e os representantes das comissões destinadas ao diálogo ecumênico.
“A impressão que muitas pessoas têm é que na sua Igreja só basta um grupo que se dedique ao diálogo ecumênico. É difícil as pessoas entenderem que ecumenismo é um valor evangélico a ser traduzido na vida da comunidade e de cada cristão em particular”, ressaltou o padre Gregório Teodoro, da Igreja Ortodoxa Antioquina.
De acordo com o padre Yezlig Guzelian, da Igreja Apostólica Armênia, é preciso motivar os paroquianos explicando a eles o valor do diálogo ecumênico, a fim de acabar com os preconceitos que possam existir nessas comunidades.
Dom Odilo reforçou que o ecumenismo é uma necessidade e deve continuar firme em seus propósitos. Ele destacou, ainda, que nos últimos anos a Igreja Católica tem avançado no diálogo ecumênico, lembrando as recentes iniciativas de aproximação com as Igrejas Ortodoxas Russa e Grega. Ele recordou que papa Bento 16 ressalta que o ecumenismo é uma urgência em vista da missão comum de anunciar o Evangelho. “É um caminho longo e difícil. Mas esperamos que os muitos frutos apareçam”, disse.
Outro desafio apresentado pelos líderes é o surgimento de “novas denominações” que muitas vezes se apropriam da identidade das igrejas históricas, confundindo o povo e, em muitos casos, sem comprometimento com o diálogo ecumênico.
Os líderes chamaram a atenção para uma “compreensão equivocada” do princípio liberdade religiosa garantida pela constituição, que acaba favorecendo a fundação de religiões sem nenhum critério ético.
“Infelizmente existem pessoas que usam os símbolos, liturgias e até o próprio nome de outras igrejas com a intenção de confundir e de levar pessoas desinformadas para suas comunidades se maneira proselitista, sem comprometimento com a unidade”, apontou o reverendo Cezar Fernandes Alves, da Igreja Episcopal Anglicana, cujo líder, bispo Roger Bird, também participou da reunião.
Os representantes das Igrejas-membro do Mofic foram convidados a estimular a participação dos fiéis e o envolvimento das comunidades nessas iniciativas, uma vez que o ecumenismo se dá nas ações sociais em comum, além das dimensões da oração e do estudo.
“Foi um encontro de convivência de reflexão e também de perspectiva de projeção. A convivência fraterna entre os membros produz efeitos positivos para que possamos enfrentar os desafios, dificuldades e diferenças que o dia-a-dia nos apresenta”, afirmou o coordenador da Casa da Reconciliação padre José Bizon. Ele também chamou a atenção para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que acontece entre os dias 6 e 10 de junho.