Entramos hoje na semana do Precursor de Jesus, São João Batista. Semana de tanto regozijo para o povo baiano.
A Igreja festeja a natividade de São João, no dia 24 de junho, atribuindo-lhe particular caráter sagrado. De fato, de nenhum santo nós celebramos solenemente o dia natalício, celebramos ao invés o de João e o de Cristo. João nasce de uma mulher avançada em idade. Cristo nasce de uma jovem virgem. O pai, Zacarias, não põe fé ao anúncio sobre o nascimento futuro do filho João e fica mudo. A virgem crê que Cristo nascerá dela e o concebe na fé.
Zacarias é, como o foi seu pai, um sacerdote hebreu, isto é, um descendente de Aarão. Se como existiam 24 classes de sacerdotes, cada um exercia o ministério duas vezes por ano. Vem o dia em que toca a Zacarias queimar o incenso, conforme o evangelista Lucas, 1,5-9. Um anjo lhe apareceu durante o serviço sacerdotal, e promete um filho a ele e à sua mulher Isabel, não obstante a tardia idade, Zacarias duvida da promessa, assim obtém como sinal uma punição: o mutismo.
Isabel, durante o sexto mês de gravidez, recebe a visita de Maria, sua parente, que tinha recebido do anjo o anúncio de que se tornaria mãe do Salvador. Maria, conforme Lucas 1, 39-41, permanece em casa de Isabel até o nascimento de João Batista (Lucas 1, 56).
A missão do precursor começa talvez pelo fim do ano 27 d.c, conforme Mateus 3, 4-6. Como Jesus, João repreende com severidade, os fariseus hipócritas. Exige conversão e pureza interior. Mas, sobretudo, anuncia o Messias: “naquele tempo, Jesus da Galiléia foi ao Jordão para encontrar João e fazer-se batizar por ele” (Mateus 3, 13). Antes disso, pode acontecer que os dois primos não se tenham jamais visto.
A teofania, isto é, a manifestação divina, no batismo do Jordão revela a João a personalidade divina de Jesus (João 1, 29). O batismo de Jesus é o apogeu do ministério de João. Então ele desaparece. Daquele momento muitos discípulos de João passam a seguir Jesus, constituindo os primeiros de todos João, o apóstolo e André. O Batista se retira para batizar mais longe. As suas palavras são o eco dessa atitude de desapropriação (João 3, 25-30).
Não se sabe quando João encontrou Herodes, e denunciou secamente a vida do tirano que o coloca na prisão (cf. Lucas 3, 19-20; Marcos 6. 17-20). Da prisão João manda perguntar a Jesus: “És tu o que deve vir ou devemos esperar um outro?” (Mateus 11,2). A pergunta quer constranger Jesus a pronunciar-se sobre sua identidade, para que todos os discípulos de João se dirijam ao Messias.
A resposta de Jesus é clara. Depois Jesus faz um grande elogio do Batista. Dirigindo-se à multidão pergunta: “Que coisa fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?. E então, que coisa fostes ver? Um homem em vestes suntuosas? Os que se vestem suntuosamente e vivem na luxúria e estão nos palácios dos reis. Então que coisa fostes ver? Um profeta? Sim, vos digo, e mais que um profeta. Ele é aquele do qual está escrito: “Eis que eu mando antes de ti o meu mensageiro, ele pregará o caminho adiante de ti” (Marcos 3, 1). Eu vos digo: entre os nascidos de mulher não existe ninguém maior do que João” (João 7, 24-28).
A morte do Precursor, assassinado por Herodes com informal ligeireza, deu-se na primavera do ano 29. O Batista, na prisão há oito ou nove meses, tem cerca de trinta anos. Segundo Jerônimo e Rufino, o seu Corpo estaria sepultado em Sebaste na Palestina. Sob Juliano, apóstata, os ossos teriam sido queimados e as cinzas esparsas ao vento. O culto do Batista remonta ao século IV.
Santo Agostinho exalta a grandeza do último e maior profeta. O ministério de João Batista culmina no batismo de Cristo e se conclui com o martírio. João é colocado entre dois testamentos, o antigo e o novo. Anuncia o Cristo e desaparece, concluindo todas as profecias do Antigo Testamento e dando, como primeiro, o testemunho do sangue àquele de quem não é digno de amarrar as correias dos sapatos.
Especialmente no nordeste do Brasil as celebrações juninas são eloqüentes e muito populares. A alegria se espalha na mesa de todas as famílias e nas praças de todas as cidades. Auguramos ao povo da nossa Arquidiocese, especialmente aos membros das nossas comunidades cristãs, uma particular alegria pela presença e testemunho de São João Batista na nossa Igreja.