Dom Bruno Gamberini
Arcebispo Metropolitano de Campinas
Prezados irmãos e irmãs,
Celebramos na próxima sexta-feira, dia 11 de fevereiro, na festa de Nossa Senhora de Lourdes, o Dia Mundial do Enfermo. A celebração anual desta data significativa foi instituída pelo saudoso Papa João Paulo II no dia 13 de maio de 1992 e celebrada pela primeira vez no ano de 1993. Portanto, celebramos, neste ano de 2011, o 19º Dia Mundial do Enfermo.
Na Carta de Instituição, o Papa João Paulo II dizia que os objetivos eram os de “sensibilizar o Povo de Deus e as instituições de saúde católicas e da sociedade civil da necessidade de assegurar a melhor assistência possível aos enfermos; ajuda-los a valorizar o sofrimento, ao nível humano e, especialmente, no sobrenatural; fazer com que as dioceses, comunidades cristãs e as famílias religiosas se comprometam com a pastoral da saúde; favorecer o compromisso cada vez mais valioso do voluntariado; recordar a importância da formação espiritual e moral dos agentes; e, por último, fazer com que os sacerdotes, assim como os que vivem e trabalham junto aos que sofrem, compreendam melhor a importância da assistência religiosa aos enfermos”.
É importante que recordemos estas palavras do Papa para que o nosso trabalho junto aos enfermos seja sempre animado pela motivação primeira de representar o próprio Jesus Cristo que se faz presença ao lado dos que mais estão necessitando de conforto humano e espiritual. E não apenas os enfermos, mas ao lado dos familiares e amigos, que também sofrem neste momento de dor, e dos profissionais da saúde, chamados a ser os bons-samaritanos que se compadecem da dor alheia.
Tanto os agentes da pastoral quanto os profissionais da saúde devem estar atentos a este chamado do Papa: a necessidade de assegurar a melhor assistência possível aos enfermos. É desesperador para um pai e uma mãe chegarem a um Pronto Socorro com um filho doente e ficarem horas esperando por um atendimento. É desesperador ser tratado como lixo em um momento de sofrimento, principalmente por aqueles a quem se está pedindo socorro. É desesperador ser abandonado em corredores, jogados em macas ou mesmo no chão, à espera de uma mão que alivie a dor. É desesperador não ter condições tecnológicas, materiais, humanas e psicológicas para desenvolver com tranquilidade o serviço aos doentes. É desesperador assistir autoridades desviarem fábulas de dinheiro em ações corruptas ou em investimentos fraudulentos enquanto milhões sofrem as consequências de terem usurpados os seus direitos básicos à vida. É desesperador ver o investimento que se faz, por exemplo, no futebol e nos estipêndios dos políticos e compará-los com o salário dos médicos, enfermeiros, atendentes, etc. É desesperador não ter a menor ideia de onde são investidos os nossos impostos, que deveriam ser a segurança de uma vida digna para todos. O dinheiro não compra a vida eterna. Pode, quanto muito, prorrogar um pouco mais a vida terrena e poderia fazer muito bem às pessoas se fosse bem utilizado.
O Objetivo Geral da Igreja de Campinas e do Brasil, que ilumina a nossa ação pastoral, é claro. Somos chamados a Evangelizar, a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa… Se esta dignidade está sendo ultrajada, somos chamados a dar o nosso grito de alerta.
Queridos irmãos enfermos, familiares, agentes e profissionais da saúde. O Papa Bento XVI, em sua mensagem deste ano, nos diz que o sofrimento de Jesus Cristo é para nós um convite “a meditar sobre Aquele que carregou sobre si a paixão do homem de todos os tempos e lugares, inclusive os nossos sofrimentos, as nossas dificuldades e os nossos pecados”.
Coragem e esperança. Lembrem-se sempre que o Senhor está no meio de nós. Ele sofreu nossas dores na cruz mas está ressuscitado e vivo em cada cristão.