Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney

 

O martírio é o testemunho, pelo sofrimento e mesmo a morte, da verdade de uma causa. Tiradentes, por exemplo, é considerado mártir da independência. O maior de todos os mártires foi Jesus Cristo, cuja Paixão e Morte por nosso amor celebramos na Semana Santa e cuja vitória sobre a morte comemoramos na Páscoa.

“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5,10). Esta é a oitava bem-aventurança, exclamações com as quais Jesus começou o seu “sermão da montanha”, resumo do seu Evangelho.

 A perseguição e o martírio se tornaram uma característica dos discípulos de Jesus. “Sereis expulsos, perseguidos, presos, açoitados, mortos, por causa do meu nome, levados à presença de reis e governadores, para testemunhar de mim perante eles” (Mc13,9 – Lc21,13 – Jo16,2, passim). Assim o martírio, testemunho pelo sofrimento por causa da Fé ou da virtude, sempre esteve presente na Igreja, desde os primeiros tempos, como vemos nos Atos dos Apóstolos, passando pelas perseguições romanas até aos tempos modernos.

Os arquivos do Vaticano contêm farta documentação sobre a perseguição dos cristãos no século XX. Baseado neles, no seu livro de 455 páginas “Eles foram mortos por causa de sua Fé”, o escritor Andrea Riccardi, professor de história contemporânea na Universidade de Roma, narra o martírio dos católicos em todo o mundo no século passado, que continuam atualmente. Impressiona a descrição do “holocausto” cristão no Nazismo, no Comunismo, nas terras de missões, no México, na Espanha, na África, etc. Além dos mártires da Fé, temos os mártires da caridade, da pureza e da justiça, os mártires das guerras, do terrorismo e das máfias. Entre os 12.818 mártires, temos 4 cardeais, 122 bispos, 5.173 padres diocesanos, 4.872 religiosos, 159 seminaristas, além de centenas de leigos.

E atualmente são milhares de cristãos que são feridos, presos e mortos por causa da sua fé em países comunistas e muçulmanos.

É realmente a visão do 3o segredo de Fátima: o Papa caminhando sobre os cadáveres dos cristãos mártires que tombaram, vitoriosamente, pela sua Fé.

Também podemos considerar mártires, nessa pandemia do Covid-19, os que estão arriscando sua saúde e vida, em prol do atendimento ao próximo. Sacerdotes, médicos, enfermeiros, ajudantes, serventes, policiais, etc. Que Deus os abençoe e proteja, preparando para eles uma grande recompensa por tão generosa dedicação.

Jesus disse: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Como, aliás, ele mesmo o fez: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15, 12). “Estava doente, e cuidastes de mim… Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!” (Mt 25, 36 e 40).

 

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