Termina hoje o Ramadã, mês em que os mulçumanos praticam o jejum ritual. Em mensagem divulgada há duas semanas, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso saúda os mulçumanos pela data e os convida, juntamente com os cristãos, a promoverem a dimensão espiritual da pessoa humana.
Segundo a mensagem, a transmissão de valores humanos e morais às jovens gerações é uma preocupação comum a cristãos e mulçumanos. “Toca a nós fazer-lhes descobrir que existe o bem e o mal, que a consciência é um santuário que se deve respeitar, que cultivar a dimensão espiritual torna mais responsáveis, mais solidários, mais disponíveis para o bem comum”, diz o texto.
Leia, abaixo, a íntegra da mensagem
Caros Amigos Muçulmanos,
1. A conclusão do mês do Ramadã oferece ao Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso a agradável ocasião para dirigir os votos mais cordiais para que os esforços envidados generosamente durante este mês obtenham todos os frutos espirituais esperados.
2. Este ano, pensamos que era oportuno privilegiar o tema da dimensão espiritual da pessoa humana. Trata-se de uma realidade que cristãos e muçulmanos consideram de primaria importância perante os desafios do materialismo e do secularismo. A relação de cada homem com a transcendência não é um fato contingente da história, mas pertence à natureza humana. Nós não acreditamos por acaso, mas estamos convencidos – fazemos a experiência – de que Deus nos guia no nosso caminho!
3. Cristãos e muçulmanos, para além das suas diferenças, reconhecem a dignidade da pessoa humana dotada de direitos e de deveres. Eles pensam que a inteligência e a liberdade são outros tantos dons que devem encorajar os crentes a reconhecer estes valores que são partilhados porque se fundam sobre a mesma natureza humana.
4. É por isso que a transmissão destes valores humanos e morais às jovens gerações constitui uma preocupação comum. Toca a nós fazer-lhes descobrir que existe o bem e o mal, que a consciência é um santuário que se deve respeitar, que cultivar a dimensão espiritual torna mais responsáveis, mais solidários, mais disponíveis para o bem comum.
5. Demasiadas vezes cristãos e muçulmanos são testemunhas da violação do sagrado, da desconfiança de que são objeto todos aqueles que se dizem crentes. Não podemos senão denunciar todas as formas de fanatismo e de intimidação, os preconceitos e as polêmicas, bem como as descriminações de que às vezes são objeto os crentes na vida social e política bem como nos mass media.
6. Espiritualmente estamos próximos de vós, caros amigos, pedindo a Deus que vos conceda renovadas energias espirituais, e vos apresentamos os nossos melhores votos de paz e de felicidade.
Cardeal Jean-Louis Tauran
Presidente
D. Pier Luigi Celata
Secretário