Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

O Natal celebra o grande mistério da encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo, o filho de Deus, em nossa história! A salvação prometida por Deus aos homens, em sua mensagem aos patriarcas e profetas, torna-se realidade concreta com a vinda de Jesus Cristo. Deus cumpriu a sua promessa!

A revelação nos apresenta Jesus como “Emanuel, isto é, o Deus conosco”. O nosso companheiro de jornada, de história. Assim, Jesus não é um ser do passado, não é uma saudosa memória ou ideia do passado. É uma pessoa viva, concreta e atuante em nossa vida e em nossa história. O nascimento histórico de Jesus em Belém é sinal do nosso misterioso nascimento à vida divina. Pela encarnação de Jesus, o homem é divinizado. “Jesus, o Filho de Deus, é o rosto humano de Deus e o rosto divino do homem”.

O Natal questiona o nosso acolhimento, pois, “Não havia lugar para ele na hospedaria” (Lc. 2,7).  Como outrora, hoje também há muitas pessoas fechadas para  realizar a  experiência do encontro com Jesus Cristo. O mistério da existência humana só se explica e se esclarece no mistério de Jesus Cristo, Filho de Deus, única fonte e verdadeira paz, alegria e felicidade. Perguntamos: Há lugar para Ele na sua vida, na sua família, na sua casa, no seu ambiente de trabalho?  

O Natal é a festa da solidariedade! Jesus se faz pobre, nascendo na gruta em Belém,  para solidarizar-se com os  pobres e ser a esperança de libertação dos sofredores deste mundo. Os primeiros a irem ao encontro de  Jesus foram os pobres e humildes Pastores

O Natal é também a grande festa da solidariedade universal. É comemorado em todo o mundo, até mesmo onde a população cristã é minoria. É uma data que se reveste de uma certa ternura e magia, despertando nas pessoas sentimentos muitas vezes adormecidos, como: alegria, amizade, confraternização, solidariedade, caridade, gestos de bondade e reconciliação. Estes sentimentos são frutos maravilhosos do clima de Natal, que marcam e enobrecem nossas vidas.

A liturgia do Natal é muita rica, e só nesse dia temos quatro celebrações eucarísticas: a Missa vespertina da Vigília (dia 24), a Missa da noite (por volta da meia noite do dia 24, denominada “missa do galo”), a Missa da aurora (alvorecer do dia de Natal) e a Missa “do dia” da festividade (dia 25).

Denominamos oitava de Natal o tempo litúrgico que vai do Natal até a festa de Santa Maria, Mãe de Deus. É um desdobramento, por oito dias, da alegria do Natal. Uma espécie de festa de aniversário prolongado. A outra solenidade é a Festa da Epifania, conhecida como “dos reis magos” dentro do tempo de Natal, que se conclui com a festa do Batismo do Senhor.

Recordemos também alguns símbolos que nos recordam o Natal: Presépio – popularizado por S. Francisco de Assis em 1223; Árvore de Natal – representa nova árvore da vida, que é o Deus menino nascido em Belém; Troca de presentes – que recorda o maior presente dado pelo Pai  aos homens, que é o seu filho; Presentes dos Magos – incenso, símbolo da divindade (Jesus é filho de Deus), ouro, símbolo da realeza (Jesus é Rei dos Reis), mirra, sofrimento (Jesus é o eterno servo sofredor de Javé); Estrela de Belém – é símbolo da visita salvadora de Jesus para toda a humanidade (Jesus é para todos – universalidade da salvação).

Celebrar o Natal é  renovar o  encontro com a adorável pessoa de  Jesus,  o esplendor da luz de Deus, que veio para  iluminar os homens! Lembremos que uma  vida renovada e reconciliada é a melhor maneira de celebrar o Natal.

Pensemos: quais são as nossas motivações natalinas? É a celebração do encontro pessoal com Jesus Cristo na oração, na eucaristia, na meditação, na reconciliação, no encontro com o próximo? O evangelista Lucas nos diz: “Não havia lugar para ele na hospedaria” (Lc 2, 7). Há lugar para Ele na sua vida? Na sua família? Na sua casa? No seu ambiente de trabalho?  

Acolhamos com alegria o divino salvador. Natal é vida que nasce! Natal é convite para o homem trilhar o caminho da retidão, do amor ao próximo e da compreensão com seus semelhantes. Vamos adorar o rei dos reis neste Natal!
Que o menino-Deus derrame ricamente suas graças e bênçãos sobre todas as nossas famílias.

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