Nossa Senhora Aparecida conduz o povo a Cristo

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora

 

Todo o Brasil se engalanou para a grande festa. São 300 anos de bênçãos concedidas por Deus através do singelo símbolo. Uma pequena e graciosa imagem traduz algo mais que a simples aparência. Assim falam os símbolos. Como a aliança na mão dos casais ou a bandeira nacional que tremula sobre um mastro ou uma pequena nota de dinheiro que vale o que nela está estampado, os símbolos nos falam muito além do que a simples vista humana pode alcançar. Para entender os símbolos é necessário mais que apenas visualizá-los, é preciso contemplá-los com a alma. Como num ditado chinês que diz que o sábio aponta para a lua e o tolo olha a ponta do dedo, podemos cair no equívoco de parar com nossos olhos onde o símbolo ainda não chegou com toda a sua mensagem.

A devoção mariana marca a alma do povo brasileiro desde seu início. Através de imagens, Maria de Nazaré vem conduzindo-o para Cristo, e repetindo a cada gesto, o que aconteceu em Caná da Galileia, conforme narrativa de João (cf. Jo 2,1-12). Eis aí a fundamentação bíblica que explica toda a confiança que nossa gente deposita em Nossa Senhora Aparecida.  Foi no momento de apuro em Caná, que ela interveio em favor da família, suplicando a seu Filho solução. E ele a atendeu. O milagre que Deus faz através da intercessão da Mãe de seu Filho, Verbo Encarnado, continua na história através das mais variadas formas, inclusive por meio da devoção popular, pois grande é sua misericórdia e seu amor não conhece limites.

Ao lançar o Ano Mariano preparatório para a festa que culminou no dia 12 passado, o Presidente da CNBB, Cardeal Sérgio da Rocha, afirmava que este seria “um ano para celebrar, para comemorar, para louvar a Deus, mas também para reaprender com Nossa Senhora como seguir Jesus Cristo, como ser cristão hoje”. E prosseguiu: “Nós esperamos muito que o Ano Mariano possa ser de intensa evangelização com Maria, contando com a sua proteção, seguindo os seus exemplos, mas sendo essa Igreja em saída, essa Igreja misericordiosa, que a exemplo de Nossa Senhora vai ao encontro dos irmãos para compartilhar a alegria do Evangelho de Jesus Cristo, alegria da fé em Cristo”.

Escrevendo aos Bispos reunidos na XXXVI Assembleia da Conferência Episcopal Latino Americana, em maio passado, o Papa Francisco afirmou: “Em Aparecida, encontramos a dinâmica do povo fiel que se confessa pecador e salvo (…), um povo consciente de que suas redes, sua vida, está cheia de uma presença que o anima a não perder a esperança; uma presença que se esconde no cotidiano do lugar e das famílias, nestes silenciosos espaços em que o Espírito Santo continua apontando ao nosso Continente. Tudo isto nos apresenta o formoso ícone que a nós pastores convida a contemplar”.

O Papa Francisco valorizou a celebração e o amor do povo brasileiro a Nossa Senhora, com outros expressivos gestos. Concedeu indulgência plenária, durante o Ano Mariano, aos peregrinos do Santuário Nacional e das Paróquias a ela dedicadas, mandou edificar, nos jardins do Vaticano, monumento à Padroeira do Brasil, enviou mensagens, escreveu linda oração, mandou seu Legado para as celebrações e, por fim, ofereceu a Rosa de Ouro ao Santuário de Aparecida, prêmio raro e singular que a Santa Sé reserva para ocasiões muito especiais, tendo afirmado anteriormente, que “Deus ofereceu ao Brasil a sua própria Mãe”.

Com olhos fixos na Mãe do Senhor, o povo brasileiro prossegue seu caminho na construção de uma sociedade justa e fraterna, ouvindo de seus lábios, outra vez: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2, 5).

 

 

 

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